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Bolsonaro deve rebater críticas de desmatamento em abertura virtual da Assembleia Geral da ONU

21/09/2020 09h46

Diante da pandemia, chefes de Estado e de governo de todo o mundo não vieram para Nova York esse ano para participar do mais importante evento do calendário das Nações Unidas. A abertura da Assembleia Geral da ONU acontece, à distância, nesta terça-feira (21).

Luíza Duarte, correspondente da RFI em Nova York

Jair Bolsonaro fará o discurso de abertura da Assembleia Geral e deve questionar a imagem negativa da política ambiental do Brasil. Partes da Amazônia e do Pantanal estão em chamas, mas é esperado que o presidente brasileiro rebata as críticas internacionais às queimadas nessas áreas.

Nem mesmo o presidente dos EUA, Donald Trump, vai sair de casa para discursar na ONU. Ele fará um discurso gravado da Casa Branca. A menos de dois meses das eleições, é esperado que Trump fale da China, do Irã e até mesmo de seu adversário na corrida presidencial, o democrata Joe Biden.  

A cidade, que foi o epicentro do coronavírus no segundo trimestre, mesmo tendo tido uma expressiva queda no número de casos da Covid-19, ainda não suspendeu todas as etapas do confinamento e exige 14 dias de quarentena para visitantes. 

A ONU segue fechada para o público e os EUA continuam sendo o país com mais casos da doença no mundo, com mais de 6 milhões de pessoas infectadas. Nesse setembro, nova-iorquinos não vão poder se queixar do impacto no trânsito e no transporte público provocado pela passagem das carreatas das delegações internacionais, pelo fechamento de ruas e pelo forte esquema de segurança.

Pela primeira vez em 75 anos, os corredores da sede da organização estão vazios. O acesso é restrito mesmo para a imprensa e na sala da Assembleia Geral foram adotadas novas normas de higiene. Dentro do espaço, o uso de máscaras é obrigatório e o distanciamento social impera. Agora, cada país é representado por apenas um delegado. 

Pandemia alterou protocolo de décadas

"A pandemia da Covid-19 é uma crise diferente de todas nas nossas vidas, e, portanto, a sessão da Assembleia Geral deste ano também será diferente", disse o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, durante uma coletiva de imprensa, na última semana.

Esse ano, são 210 pessoas dentro do grande salão da Assembleia, contra os cerca de 2500 delegados que circulavam no mesmo espaço nas sessões anteriores. Dessa vez, os tradicionais discursos de 170 líderes mundiais serão virtuais e gravados com antecedência, mas transmitidos como se estivessem acontecendo "ao vivo", seguindo a ordem da programação oficial.

A cúpula sobre a biodiversidade, a sessão sobre a situação no Líbano e a reunião para comemorar o "Dia Internacional pela Eliminação Total das Armas Nucleares" acontecem seguindo o mesmo protocolo de prevenção ao coronavírus.

A Covid-19 não só alterou décadas de protocolo de funcionamento, como é o tema dominante das reuniões desse ano. O impacto da pandemia pode ser sentido nos mais diferentes setores, afetando acordos e resoluções em debate.

O surgimento do novo vírus também altera a realidade em diversas zonas de conflito ao redor do mundo. Economia, educação, meio ambiente, igualdade de gênero e direitos humanos sofrem as consequências do rápido contágio da Covid-19, que desencadeou uma crise de saúde que, para as Nações Unidas, exige mais do que nunca uma resposta coordenada e multilateral.