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Covid-19: Hospitais de Paris voltam a ficar saturados e cancelam cirurgias

24/09/2020 13h08

A direção da AP-HP, o organismo que gerencia os hospitais públicos da capital, anunciou nesta quinta-feira (24) que os hospitais serão obrigados a adiar as primeiras cirurgias, a partir deste fim de semana, para tratar dos pacientes com formas graves da Covid-19, que necessitam de internação nas unidades de terapia intensiva. A França registra uma alta preocupante de novos casos, o que levou o governo a endurecer as medidas na regiões mais atingidas para conter a propagação do vírus.

O número de pacientes hospitalizados nas UTIs da capital passou de 150 no início de setembro para 330 nesta quarta-feira (23). A previsão é que 600 pessoas cheguem em estado grave aos hospitais neste final de semana. Desde total, aproximadamente 200 deverão ser entubados, de acordo com o diretor-adjunto do organismo, François Crémieux. Com mais de 25% dos leitos das UTIs ocupados, o adiamento das cirurgias, "que tentávamos evitar a qualquer custo", será necessário, declarou. As operações envolvem pacientes que ainda podem esperar sem risco, especificou.

A instituição agora espera que as novas restrições anunciadas nesta quarta-feira pelo ministro da Saúde, Olivier Véran, ajudem a controlar a segunda onda epidêmica. "O desafio dos próximos dias agora será de não ultrapassar em 50% o número de operações adiadas", declarou. O diretor-geral da AP-HP, Martin Hirsch, sublinhou que os "ajustes das atividades programadas" não se comparam ao "cancelamento massivo em nível nacional" antes do confinamento, em março.

"Decisões difíceis de entender"

A França registrou 13.000 novos casos nas últimas 24 horas, o que levou o governo a anunciar novas medidas, como o fechamento de bares e restaurantes a partir de sábado. Em Paris, bares terão que fechar às 22h e academias e ginásios ficarão fechados até segunda ordem e reuniões de mais de 10 pessoas nos espaços públicos estão proibidas. As decisões foram criticadas pela prefeita da cidade, Anne Hidalgo, que as considerou "difíceis de entender." 

Os sindicatos de professores da França criticam, por outro lado, a flexibilidade do protocolo sanitário nas escolas. O governo francês, com base em estudos científicos que muitos pesquisadores consideram insuficientes, afirma que as crianças não têm papel preponderante na transmissão.

Por conta disso, hoje, nos estabelecimentos, apenas alunos maiores de 11 anos devem usar máscaras, e do jardim de infância e até a quarta série do Ensino Fundamental a distância mínima de um metro em classes, que podem reunir mais de 30 crianças, foi abolida. As aulas só são interrompidas se três casos forem confirmados em um mesmo grupo.

"A escola é a grande ausente da gestão da crise sanitária " disse Jean-Rémi Girard, do Snalc, um sindicato do setor. "Preparamos um programa de ensino à distância, fechamos bares e restaurantes, mas na escola nada acontece", criticou.