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Apresentação de animais selvagens será proibida em circos itinerantes na França

29/09/2020 12h41

A França vai proibir progressivamente os espetáculos com animais selvagens nos circos itinerantes do país. A reprodução e aquisição de novas baleias e golfinhos nos três parques aquáticos franceses também será proibida anunciou nesta terça-feira (29) a ministra da Transição Ecológica, Barbara Pompili.

A ministra, que apresentou um conjunto de medidas para o "bem-estar da fauna selvagem em cativeiro", também noticiou o fim da criação de visons-americanos destinados à fabricação de roupas. Ela destacou que a "atitude em relação aos animais selvagens em nossa época mudou".

"Passou da hora para que nosso fascínio ancestral por estes seres selvagens não se traduza mais em situações que favoreçam o seu cativeiro em detrimento de seu bem-estar", declarou a ministra.

Concretamente, a proibição dos espetáculos circenses com animais selvagens acontecerá nos próximos anos, segundo Barbara Pompili, que não anunciou um calendário concreto para a adoção da medida. "Determinar uma data não resolve todos os problemas, prefiro iniciar um processo para que aconteça o mais rápido possível", afirmou.

Embora o governo não tenha anunciado um prazo de entrada em vigor da medida, fontes do setor, recebidas no ministério na semana passada, mencionaram uma transição de cinco anos.

Mais de 500 animais selvagens

Ao comentar o que deve acontecer com os animais - os circos franceses têm quase 500 animais selvagens -, ela afirmou que serão encontradas "soluções caso por caso, com cada circo e para cada animal". O governo destinará € 8 milhões para o projeto de transformação dos circos itinerantes.

Os circos tradicionais, instalados em um local fixo, não serão afetados porque não transportam animais. "Estamos pedindo (aos circos) que se reinventem, este é um momento em que precisarão de apoio e o Estado vai estar a seu lado", disse a ministra.

Para o diretor do parque aquático Marineland, em Antibes (sul), Pascal Picor, este valor é "ridículo". Ele também criticou a falta de coordenação antes do anúncio.

Mais de 20 países europeus já limitaram ou proibiram os espetáculos de animais.

Referendo nacional

A questão do bem-estar animal ganhou destaque recentemente na França com a campanha para um "referendo sobre os animais", que recebeu o apoio de mais de 750.000 pessoas na internet e de 141 parlamentares (seriam necessários 4,7 milhões de signatários e 185 parlamentares para organizar uma votação).

A associação francesa de defesa dos animais L214 aplaudiu a medida para os visons, mas considerou que ela apenas "compensa o tempo perdido". "Vitória", escreveram no Twitter os promotores do Referendo para os Animais.

Mas os anúncios provocaram preocupação no mundo circense. "Estamos surpresos. Não houve diálogo. Não poderemos continuar trabalhando e, enquanto isso, quem vai pagar a carne dos animais selvagens, a forragem dos elefantes?", questionou William Kerwich, presidente do Sindicato dos Treinadores de Animais de Circo e de Espetáculo.

(Com informações da AFP)