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Pompeo pede a aliados asiáticos que se unam contra "corrupção" e "coerção" da China

06/10/2020 08h53

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, criticou duramente a China nesta terça-feira (6) em uma reunião com os chefes da diplomacia da Austrália, Índia e Japão. O encontro, ocorrido em Tóquio, teve como objetivo apresentar uma frente unida contra o gigante asiático.

Pompeo pediu aos principais aliados asiáticos do grupo Quad que se unam contra a "exploração, corrupção e coerção" da China na região. Este grupo estratégico informal, criado em 2019, busca apresentar um posicionamento comum contra um governo chinês cada vez mais assertivo.

Dos quatro representantes diplomáticos presentes, Pompeo foi quem assumiu a linha mais dura em relação à China, referindo-se à "pandemia que veio de Wuhan", que o americano disse ter "piorado infinitamente com o encobrimento do Partido Comunista Chinês". Ele alertou que "é mais necessário do que nunca a colaboração dos aliados para proteger nosso povo e parceiros da exploração, corrupção e coerção do Partido Comunista Chinês", citando as ações da China no Himalaia, no Estreito de Taiwan e em outras localidades.

Essa retórica não foi totalmente compartilhada pelos parceiros de Washington no grupo, embora a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, tenha manifestado claramente a vontade de ter uma região "governada por regras, não pelo poder".

As negociações envolvem quatro países em conflito com Pequim. O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, observou que o fato de a reunião estar acontecendo, dada a pandemia do coronavírus, era "um testemunho da importância" da aliança.

Mas o Japão, sob a liderança do novo primeiro-ministro Yoshihide Suga, busca um equilíbrio entre a necessidade de apoiar seus aliados e seu objetivo de melhorar gradualmente os laços com a China. O ministro japonês das Relações Exteriores, Toshimitsu Motegi, não mencionou a China em seus comentários. Tóquio declarou que as negociações não visavam um país específico.

"Ultimamente, a ordem internacional tem sido contestada em várias áreas e o novo coronavírus está acelerando essa tendência", disse Motegi no início da reunião. "Nossos quatro países compartilham o objetivo de fortalecer uma ordem internacional livre, aberta e baseada em regras", destacou o ministro japonês.

Suga declarou que a disseminação do coronavírus mostrou "exatamente por que este é o momento em que devemos aprofundar ainda mais a coordenação, com o maior número possível de países que compartilham nossa visão".

Já Pequim deixou claro seu desdém pelo grupo, e na semana passada pediu aos países que evitem medidas posturas "fechadas" e "exclusivas". "Esperamos que os países relevantes atuem de acordo com os interesses comuns dos países da região e promovam ações que conduzam à paz, à estabilidade e ao desenvolvimento regional, e não o contrário", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin.

Crise sanitária na Casa Branca

A visita de Pompeo, que incluiu conversas bilaterais com seus aliados e uma reunião com Suga, ocorreu apesar da crise do coronavírus em Washington, onde o presidente Donald Trump e vários assessores deram resultado positivo para a Covid-19.

Pompeo cancelou duas etapas de seu giro asiático, na Coreia do Sul e Mongólia, mas manteve o encontro do Quad no Japão prometendo "anúncios significativos". No entanto, nenhuma declaração conjunta ou coletiva de imprensa é esperada após a reunião.

O secretário de Estado americano é um crítico ferrenho da China em questões que vão desde a segurança, aos direitos humanos e a pandemia. A administração Trump tem culpado Pequim pela crise do coronavírus, a menos de um mês da eleição presidencial de 3 de novembro nos EUA.

Pompeo é o primeiro alto funcionário americano a visitar o Japão desde que Suga assumiu o cargo, no mês passado, e disse estar confiante de que Tóquio e Washington estão na mesma sintonia.

Com informações da AFP