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Azerbaijão acusa Armênia de violar cessar-fogo e matar pelo menos sete pessoas com bombardeios

Equipes de busca e resgate trabalham no local da explosão durante os combates na região separatista de Nagorno-Karabakh, na cidade de Ganja, Azerbaijão - Umit Bektas/Reuters
Equipes de busca e resgate trabalham no local da explosão durante os combates na região separatista de Nagorno-Karabakh, na cidade de Ganja, Azerbaijão Imagem: Umit Bektas/Reuters

11/10/2020 05h35

Stepanakert, capital regional de Nagorno-Karabakh sob o controle de separatistas armênios, foi alvo de bombardeios que deixaram sete mortos durante a noite, segundo fontes oficiais do Azerbaijão, apesar do cessar-fogo negociado em Moscou. Além disso, hoje, sete pessoas foram mortas e 33 feridas em bombardeios na cidade azerbaijana de Gandja, indicou a diplomacia azerbaijana.

A trégua é muito frágil, sublinha o nosso enviado especial da RFI a Stepanakert, Régis Genté. Entre 10 e 15 projéteis atingiram a capital de Nagorno-Karabakh durante a noite, ontem à noite e hoje por volta das 2 da manhã, numa clara violação do cessar-fogo.

Nesta manhã, Stepanakert estava quase vazia. Os habitantes que sobraram estão confinados em casa, ou seja, metade desta cidade de 55 mil pessoas.

Alguns bairros foram fortemente afetados nos últimos dias, com edifícios totalmente devastados e uma cratera, por exemplo, provavelmente formada por uma bomba muito pesada, talvez pesando 500 kg e que causou muitos danos ao seu redor.

Bombardeios armênios

Hoje, sete pessoas foram mortas e 33 feridas em bombardeios na cidade azerbaijana de Gandja, indicou a diplomacia azerbaijana, acusando as forças armênias, apesar da trégua humanitária supostamente em vigor no conflito de Nagorno Karabakh.

O Ministério da Defesa de Nagorno-Karabakh negou ter bombardeado Gandja. "É uma mentira absoluta", declarou, garantindo "respeitar o acordo de cessar-fogo humanitário".

Já na tarde de ontem, momento da implementação do árduo cessar-fogo acordado em Moscou na sexta-feira, a linha de contato experimentou muita tensão, principalmente no entorno da pequena cidade de Hadrout. O Ministério da Defesa da Armênia acusou então as forças do Azerbaijão de terem "lançado um ataque às 12h05". "A Armênia está violando flagrantemente o cessar-fogo", respondeu o exército do Azerbaijão, posteriormente acusando as forças armênias de terem lançado uma ofensiva, repelido.

Trégua "temporária"

"As partes reafirmaram seu compromisso com acordo de cessar-fogo", insistiu Moscou em um comunicado na noite de sábado, acrescentando que o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, falou ao telefone com seus dois homólogos.

Este cessar-fogo deve permitir a troca de prisioneiros de guerra e os corpos das vítimas.

De acordo com um alto funcionário do Azerbaijão, a calma foi apenas "temporária": "é um cessar-fogo humanitário para trocar corpos e prisioneiros, não é um cessar-fogo (real)", indicou, afirmando que Baku não pretendia recuar.

Quando a trégua foi anunciada, o ministro russo Sergei Lavrov afirmou que os dois campos se comprometeram "a negociações substanciais para chegar rapidamente a uma solução pacífica" do conflito, com a mediação dos três co-presidentes (França, Rússia, Estados Unidos) do Grupo de Minsk.

Também ontem, o presidente francês Emmanuel Macron falou por telefone com os primeiros-ministros do Azerbaijão e da Armênia. Pediu o fim total dos combates. Estas negociações terão de "ser retomadas sem pré-condições", insistiu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês, Agnès von der Mühll.

Internacionalização do conflito

O medo é ver esse conflito se internacionalizar, com Ancara encorajando Baku à ofensiva e Moscou sendo ligada por um tratado militar a Yerevan. A Turquia é ainda acusada de enviar combatentes pró-turcos da Síria para lutar ao lado dos azerbaijanos, o que Baku nega.

Nagorno-Karabakh, um território povoado principalmente por armênios, se separou do Azerbaijão após uma guerra que matou 30.000 pessoas na década de 1990. Baku acusou Yerevan de ocupar seu território, e as explosões de violência são regulares no local.

Os combates entre as tropas de Nagorno-Karabakh, apoiados por Yerevan, e as forças do Azerbaijão desde 27 de setembro de 2020, foram os mais mortais, com mais de 450 mortes confirmadas, incluindo cerca de cinquenta civis. Um balanço que poderia ser muito mais pesado.