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Ameaça terrorista na França é "forte e constante", afirma polícia nacional

27/10/2020 12h58

Após as ameaças feitas por uma organização ligada à Al-Qaeda, o diretor-geral da polícia da França faz um apelo para o reforço das medidas de proteção, especialmente perto dos locais de culto. 

Alguns dias após o assassinato do professor Samuel Paty, o diretor-geral da polícia nacional da França, Frédéric Veaux, expressou sua preocupação sobre a possibilidade de um novo atentado no país. "A França é alvo de uma ameaça terrorista forte e constante", escreveu em uma nota direcionada no último domingo (25) às direções e outros serviços de polícia, à qual a Franceinfo teve acesso.

O alerta foi feito depois que a agência Thabat, próxima do grupo Al-Qaeda, divulgou um comunicado no domingo. A organização lançou "uma convocação explícita para cometer ações visando a França através de ataques jihadistas individuais", afirma o Ministério do Interior francês, em nota enviada aos secretários de segurança do país.

Reforço das medidas de vigilância 

Em seu comunicado, a agência Thabat justifica a convocação com "os acontecimentos relacionados às caricaturas do profeta Maomé, ao jornal Charlie Hebdo, à questão do uso do véu islâmico, às ações policiais realizadas nas mesquitas e à operação militar no Mali", afirma o Ministério do Interior. Entre os ataques sugeridos pela organização terrorista estão "agressões com arma branca ou atropelamentos de massa, de maneira individual ou em grupo". 

Nessas condições, "convém reforçar as medidas de vigilância", sugere o diretor-geral da polícia nacional da França, "para proteger reuniões de pessoas, especialmente durante as celebrações religiosas cristãs de 1° de novembro". Nesta data, feriado nacional, os católicos franceses comemoram o Dia de Todos os Santos.

Veaux pede, também, o reforço dos dispositivos de segurança para "as associações e locais de culto muçulmanos cujos representantes condenaram publicamente os atentados terroristas", especialmente o assassinato de Samuel Paty. 

Mensagens de ódio na internet

O Ministério do Interior também faz um apelo para que as autoridades redobrem as atenções "às mensagens divulgadas nas redes sociais" contendo "mensagens de ódio" ou "fazendo apologia ao terrorismo". Os secretários de segurança pública são convidados a avisar diretamente o procurador da República "se os fatos exigirem uma qualificação penal". 

Quando essas postagens não constituírem uma ameaça de forma evidente, o Ministério do Interior indica que um registro deve ser feito na plataforma Pharos. O mecanismo assinala conteúdos considerados perigosos na internet e pode exigir que operadores apaguem certas publicações

De acordo com informações obtidas pela Franceinfo, em julho, a Pharos recebeu um aviso sobre o Twitter do rapaz que decapitou Samuel Paty, Abdoullakh Anzorov, de 18 anos. No entanto, a conta dele não foi suspensa porque, apesar de postar conteúdos de cunho extremista, não se cogitava sobre uma possível passagem ao ato. Outros dois alertas foram feitos à plataforma sobre as publicações de Anzorov, no final de julho e em outubro, pouco antes do atentado que chocou a França.