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Egito anuncia descoberta de mais de cem sarcófagos intactos de 2.500 anos

Da RFI

14/11/2020 14h22Atualizada em 14/11/2020 17h34

O Egito revelou neste sábado (14) a descoberta de uma centena de sarcófagos com cerca de 2.500 anos em perfeitas condições, descobertos na necrópole de Saqqara, ao sul do Cairo, o maior "tesouro" descoberto no país desde o início de 2020.

Os caixões de madeira lacrados, revelados durante uma cerimônia, pertenceram a altos funcionários do período superior (entre 700 e 300 aC) e do período ptolomaico (323 a 30 aC).

Eles foram descobertos na necrópole de Saqqara, onde cerca de 60 sarcófagos intactos com mais de 2.500 anos já haviam sido revelados no mês passado.

"Saqqara ainda não revelou tudo o que contém. É um tesouro", disse Khaled el Enani, ministro egípcio de Turismo e Antiguidades, durante a cerimônia, enquanto arqueólogos limpavam com um pincel algumas das peças expostas nas plataformas.

O sítio arqueológico de Saqqara, que fica a pouco mais de 15 quilômetros ao sul das pirâmides do planalto de Gizé, abriga a necrópole de Mênfis, capital do antigo Egito. É considerado Patrimônio Mundial da Unesco e conhecido pela famosa pirâmide de degraus do faraó Djoser, a primeira da era faraônica.

O monumento, construído por volta de 2.700 aC pelo arquiteto Imhotep, é considerado um dos mais antigos da superfície do globo. Os cem sarcófagos revelados neste sábado (14) foram descobertos em três fossas funerárias, com 12 metros de profundidade. "As escavações ainda estão em andamento. Assim que esvaziamos um poço funerário com sarcófagos, descobrimos outro", acrescentou Enani.

Múmias

Os arqueólogos abriram um dos caixões dentro do qual estava uma múmia envolta em uma mortalha adornada com hieróglifos coloridos. Usando uma máquina móvel, eles tiraram um raio-x da múmia.

Mais de 40 estátuas de divindades antigas e máscaras funerárias também foram encontradas, segundo o ministro.

Duas estátuas de madeira também foram descobertas no túmulo de um juiz da Sexta Dinastia, datando de mais de quatro milênios, segundo o secretário-geral do Conselho Geral de Antiguidades, Mostafa Waziri.

Um deles certamente representa um indivíduo chamado Heteb Ka, que era "reverenciado pelo rei", segundo Waziri, que elogiou "a beleza dessas estátuas".

Futuras descobertas

Essas descobertas serão distribuídas em vários museus egípcios, incluindo o Grande Museu Egípcio, que deve ser inaugurado em 2021 nos arredores do Cairo, perto das pirâmides de Gizé.

De acordo com Enani, essas descobertas recentes são o resultado do aumento dos trabalhos de escavação nos últimos anos. Outra descoberta na necrópole deve ser anunciada nas próximas semanas, "em dezembro ou no início de 2021", disse ele.

Os arqueólogos esperam encontrar uma antiga oficina de fabricação de caixões de múmias em um futuro próximo, que Waziri diz que pode estar perto dos túmulos.

As escavações realizadas em Saqqara trouxeram à luz nos últimos anos tesouros arqueológicos, bem como muitos animais mumificados (cobras, pássaros, besouros, etc.).

O Egito espera que todas essas descobertas e seu novo museu revitalizem o turismo prejudicado pela instabilidade política e pelos ataques após a revolução de 2011, que tirou Hosni Mubarak do poder.

Esse setor vital para a economia egípcia havia recuperado suas cores, alcançando um recorde de 13,6 milhões de visitantes em 2019, antes que o novo coronavírus viesse novamente para manter os turistas estrangeiros longe.

Por vários anos, as autoridades egípcias anunciaram regularmente descobertas arqueológicas, um grande argumento em face da concorrência provocada por outras destinações turísticas.