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EUA registram mais de 250 mil mortos por covid-19; Nova York fecha escolas

EUA são o país com maior número de casos e mortes pela covid-19 - Mehmet Emin Menguarslan / Anadolu Agency
EUA são o país com maior número de casos e mortes pela covid-19 Imagem: Mehmet Emin Menguarslan / Anadolu Agency

19/11/2020 09h09

Os Estados Unidos contabilizaram ontem 250.029 mortes provocadas pela covid-19, de acordo com o último balanço divulgado pela Universidade Johns Hopkins. O país detém o recorde de número de mortes pela doença no mundo, à frente do Brasil (167.455 mortos), Índia (com 130.993) e México (99.026).

No total, 76 mil pessoas estão hospitalizadas nos EUA —o maior número registrado desde o início da crise sanitária. A pandemia avança ainda mais rápido nos estados republicanos de Dakota do Sul e do Norte e em Iowa.

Depois de se opor durante muito tempo ao uso de máscaras, o governo de Iowa passou a adotar a medida, assim como os estados de Dakota do Norte e de Utah. A taxa de contaminação chega a ultrapassar 50% da população em alguns desses estados.

O presidente americano eleito, Joe Biden, se reuniu com representantes da área de saúde ontem e pediu aos americanos que evitassem encontros para festejar o Dia de Ação de Graças, em 26 de novembro.

Já o presidente Donald Trump não se manifestou em relação aos índices alarmantes da epidemia, preocupado em contestar os resultados das eleições para a Casa Branca.

Devido ao aumento de casos, a cidade de Nova York decidiu voltar a fechar as escolas nesta semana e adotar algumas restrições para bares e restaurantes.

O prefeito Bill de Blasio informou que as 1.800 escolas públicas da cidade vão oferecer aulas apenas à distância a partir de hoje por tempo indeterminado. A taxa de testes positivos para a covid-19 superou a média de 3% durante sete dias. "Devemos lutar contra a segunda onda", ressaltou Blasio.

95% de eficácia

O recorde de mortes nos EUA ocorre pouco após o anúncio dos laboratórios farmacêuticas Pfizer e a alemã BioNTech sobre sobre a eficácia de 95% da vacina contra a covid-19, próxima à da concorrente Moderna (94,5%).

O vice-diretor da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), Jarbas Barbosa, alertou para a alta de internações nos Estados Unidos, lembrando que, só na semana passada, o país registrou mais de 1 milhão de novos casos de contaminação.

"Já sabemos que quando nosso sistema de saúde está sobrecarregado, nossa capacidade de tratar aqueles que estão gravemente doentes se torna limitada", acrescentou.

As vacinas não são uma fórmula mágica e os países terão que lutar por enquanto sem elas, alertou o diretor de emergência da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan.

"Acho que teremos de esperar de quatro a seis meses" antes de atingirmos "um nível significativo de vacinação", observou Ryan em uma sessão pelas redes sociais. Apesar das restrições, o mundo registra até agora 55,8 milhões de casos da Covid-19, com mais de 1,3 milhão de mortes.

A corrida pelas vacinas

Os Estados Unidos, Europa e outros países já reservaram centenas de milhões de doses da vacina da Pfizer e BioNTech. O grupo espera conseguir produzir 50 milhões de doses ainda este ano, permitindo vacinar 25 milhões de pessoas (devido ao protocolo de duas doses). Em 2021, sua meta é fabricar 1,3 bilhão de doses.

A Rússia também anunciou ter uma vacina com eficácia de mais de 90%. Diversos laboratórios internacionais estão em fase final de testes de suas vacinas, o que permite aguardar o lançamento das campanhas de vacinação para as últimas semanas de 2020 nos Estados Unidos e o início de 2021 em outros países.

A vacinação de 20% da população da América Latina e do Caribe (cerca de 126 milhões de pessoas) contra o novo coronavírus custará mais de US$ 2 bilhões, declarou Barbosa, da Opas.

Mais mortes na Europa

Embora a taxa de infecção na Europa tenha caído, a OMS informou que a taxa de mortalidade aumentou 18% na semana passada, em comparação com a anterior. De acordo com a organização, 46% dos novos casos e 49% das mortes na semana passada ocorreram na Europa.

O continente é a região com mais casos de Covid-19 no mundo —cerca de 15 milhões— , embora América Latina e Caribe seja a região que registra o maior número de mortes, com mais de 426 mil mortes e um total de 12,1 milhões de casos.

A pandemia parece fora de controle em muitos lugares, como no sul da Itália, por exemplo, onde o sistema de saúde corre o risco de ficar sobrecarregado. Na Suíça, um dos países europeus mais afetados, uma associação médica alertou que as unidades de terapia intensiva estão quase todas saturadas.

No entanto, limites para o deslocamento, comércio e restaurantes não são facilmente aceitos em todos os lugares. Em Berlim, a polícia alemã usou canhões d'água nesta quarta-feira para dispersar uma manifestação de cidadãos contra as medidas restritivas.

Os manifestantes alegavam que as medidas os lembravam da era nazista, enquanto gritavam "vergonha, vergonha!". O protesto aconteceu um dia depois de confrontos com a polícia em Bratislava, capital da Eslováquia, que teve a participação de manifestantes da extrema-direita.

(Com informações da AFP e de Anne Corpet, da correspondente da RFI em Washington )