Vacina da AstraZeneca exige estudo complementar e pode retardar autorização
A vacina contra o coronavírus do laboratório britânico AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, requer um "estudo mais aprofundado", disse nesta quinta-feira (26) o presidente-executivo do grupo, Pascal Soriot.
Depois das críticas à fiabilidade do imunizante, Soriot afirmou: "Agora que descobrimos o que parece ser a melhor eficácia, para validá-la precisamos fazer um estudo adicional", explicou o dirigente em entrevista à agência Bloomberg.
Os resultados desse novo estudo internacional "podem ser mais rápidos", acrescentou Soriot, "porque sabemos que a eficácia é alta, então precisamos de um número menor de pacientes", disse. Segundo ele, esses procedimentos não devem atrasar a aprovação de órgãos reguladores da União Europeia e do Reino Unido, mas o sinal verde das autoridades americanas pode demorar mais.
De acordo com resultados provisórios de testes clínicos em grande escala realizados no Reino Unido e no Brasil, o laboratório britânico anunciou na segunda-feira (23) que sua vacina era, em média, 70% eficaz. No entanto, por trás desse resultado, o grupo farmacêutico ocultou diferenças importantes em dois protocolos: a eficácia da vacina chegou a 90% em voluntários que receberam, inicialmente, meia dose da vacina e uma dose completa um mês depois. Uma eficácia de 62% foi alcançada em outro grupo, que recebeu duas doses completas do imunizante em um intervalo de 30 dias.
A meia dose da injeção decorreu de um erro de fabricação no preenchimento dos frascos da vacina. Mas os resultados obtidos com os 3 mil pacientes que seguiram esse protocolo parecem demonstrar que esse primeiro esquema leva a uma melhor resposta imunológica. Mas o pequeno tamanho desse grupo, bem como o fato de este resultado se dever a um erro, suscitaram críticas.
Moncef Slaoui, chefe científico da operação "Warp Speed", criada pelo governo de Donald Trump para apoiar o desenvolvimento e a distribuição de vacinas, também especificou que o grupo que recebeu a meia dose era composto por voluntários com idade inferior a 55 anos, excluindo grupos de maior risco. O novo estudo será, portanto, responsável por avaliar a eficácia da vacina nesta dosagem mais baixa.
Por enquanto, a vacina AstraZeneca/Oxford se mostra menos convincente do que as concorrentes apresentadas pela Pfizer/BioNTech e a Moderna, cuja eficiência supera 90%. A vantagem da vacina britânica é que ela utiliza tecnologia mais tradicional, o que a torna mais econômica e fácil de armazenar, sem a necessidade de refrigeração em temperaturas polares.
Na segunda-feira, a AstraZeneca disse que estava avançando rapidamente na fabricação planejada de 3 bilhões de doses, que estarão disponíveis em 2021. Para efeito de comparação, a Pfizer e sua parceira BioNTech anunciaram 1,3 bilhão de doses até o final de 2021.
(Com informações da AFP)
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