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Covid-19: Alemanha pede à UE fechamento de estações de esqui, mas países vizinhos resistem

27/11/2020 11h09

Com mais de um milhão de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, a Alemanha vai pedir oficialmente à União Europeia o fechamento das estações de esqui pelo menos até 10 de janeiro. No entanto, Berlim não deve contar com o apoio dos vizinhos, já que Áustria e Suíça resistem à restrição. Na França, hotéis, lojas e restaurantes nos Alpes e Pirineus poderão abrir. Mas os teleféricos e a prática do esqui estão proibidos até o início de janeiro. Os frequentadores terão de se contentar com caminhadas nas montanhas. 

Algumas regiões alemãs já anunciaram que fecharão suas estações, como a Baviera (sul). Mas os esquiadores podem cruzar a fronteira para se exercitar em outros países. Com isso, um fechamento deste tipo só teria resultados se fosse coletivo. Apesar da pressão feita pela chanceler Angela Merkel, a coordenação com os demais governos europeus não vai ser fácil.

Na Áustria, que se prepara para suspender o lockdown no começo de dezembro, o setor do turismo de montanha representa mais de 100.000 empregos diretos e indiretos. O fechamento das estações representaria mais de € 2 milhões de prejuízo. O Ministério das Finanças austríaco afirmou que se houver um fechamento europeu, Bruxelas deverá pagar a conta.  

Mas o governo da Áustria também não quer enfrentar novamente focos gigantescos da Covid-19, como foi o caso da estação de Ischgl, apontada por ter espalhado o vírus em toda a Europa durante a primeira onda da pandemia, no começo do ano.

Na Suíça, os complexos de esportes de inverno estão abertos, com uso de máscara obrigatório nas filas dos teleféricos, nos cursos de esqui e no comércio. Nas pistas, a proteção facial pode ser retirada. Para compensar o escasso número de turistas estrangeiros, que representam em temporadas normais um terço da clientela, as estações lançaram uma campanha publicitária para incitar os suíços a esquiarem.   

O Principado de Andorra também vai abrir suas pistas em 4 de dezembro, conjuntamente com restaurantes, bares e hotéis.

Para atravessar as fronteiras entre os países europeus não há obrigatoriedade de testes nem quarentena. No caso da Baviera, as autoridades locais anunciaram um isolamento obrigatório para quem transitar pela região durante as festas de fim de ano.

Na Itália, grande parte das pistas de esqui estão localizadas na região norte, nas Dolomitas e no Vale d'Aoste, que estão classificadas em zona vermelha, de alta circulação do vírus. No dia da reabertura oficial das estações, há um mês, imagens de 2.000 esquiadores aglomerados diante de teleféricos geraram temor no governo. Três dias depois, o presidente do Conselho italiano, Giuseppe Conte, anunciou o fechamento de todas as estações por decreto.  

"Enfrentar as festas na neve, sem restrições, seria irresponsável", disse Conte. Mas os profissionais do setor pedem a reabertura e se comprometem a tomar medidas sanitárias rígidas, como reduzir à metade o número de teleféricos em funcionamento e estabelecer  uma cota de esquiadores adaptada a cada complexo. O setor espera que as discussões avancem até 4 de dezembro, data em que o governo italiano anunciará sua decisão.

Apoio da França

A Alemanha conta com o apoio da França para convencer os vizinhos. O presidente Emmanuel Macron anunciou na terça-feira (24), em pronunciamento, que as pistas de esqui francesas ficariam fechadas até 10 de janeiro. Segundo o primeiro-ministro Jean Castex, os resorts permanecerão abertos para passeios e para que os franceses possam aproveitar o ar puro da montanha.  A afirmação foi extremamente mal recebida pelos profissionais do setor.

Um dos principais programas das festas de fim de ano para os europeus é o esqui nas montanhas. No ano passado, a atividade praticamente não foi afetada. Quando a maioria dos países declararam a epidemia de Covid-19, já era no final de fevereiro, perto do fim do inverno no hemisfério norte. Em 2020, a segunda onda da doença atinge o principal período de atividade econômica das estações de esqui.