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Francês é condenado a 18 meses de prisão por ameaçar decapitar professor

Homem teria dito que professor "morreria como Samuel Paty" - Bertrand Guay/AFP
Homem teria dito que professor "morreria como Samuel Paty" Imagem: Bertrand Guay/AFP

28/11/2020 16h29

Um rapaz de 19 anos foi condenado a 18 meses de prisão em regime fechado depois de ter ameaçado decapitar um professor em Nice, no sul da França. Segundo o Ministério Público local, o jovem teria indicado a intenção de realizar um assassinato similar ao de Samuel Paty, morto em outubro perto de uma escola onde trabalhava, na região parisiense.

De acordo com o jornal Nice-Matin, o rapaz foi julgado na sexta-feira (27). Aos juízes, ele reconheceu ter ameaçado o professor, mas afirmou que seu objetivo era apenas realizar "uma brincadeira", sem o objetivo de passar ao ato.

O rapaz, que tem uma formação profissional técnica e não é mais estudante, disse que não conhece pessoalmente a vítima. Ele explicou que ficou sabendo, através das redes sociais, que o professor havia pedido explicações a alguns alunos suspeitos de colar em um teste.

Para "impressionar" uma das estudantes envolvidas no episódio, o jovem encontrou o contato do professor na internet, para quem escreveu dizendo que "morreria como Samuel Paty". O francês se tornou o símbolo da luta pela liberdade de expressão nas escolas do país depois de ter sido decapitado em outubro por ter exibido as caricaturas do profeta Maomé durante uma aula.

Duas semanas difíceis

"Meu cliente viveu duas semanas muito difíceis", explicou Julien Darras, advogado do professor ameaçado. Segundo o magistrado, a vítima teve que parar de dar aulas e se esconder durante o tempo em que a polícia investigava o caso.

O rapaz, desconhecido dos serviços de inteligência da França, corria o risco de ser condenado a até sete anos de prisão por apologia pública a atos de terrorismo e ameaças de morte. Ele tem o prazo de dez dias para recorrer da sentença de 18 meses de detenção que recebeu.

Desde o atentado contra a basílica de Nice, em 29 de outubro, mais de vinte investigações por apologia ao terrorismo foram realizadas pelo Ministério Público local. Há poucos dias, um homem também foi condenado a 18 anos de prisão por ter ameaçado pessoas perto da igreja palco do ataque que deixou quatro mortos, entre eles, a brasileira Simone Barreto Silva.