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Hungria destoa de países da UE e aposta em vacina russa contra Covid-19

28/11/2020 13h18

Contrariamente à maior parte dos países da União Europeia, a Hungria decidiu apostar publicamente na vacina russa Sputnik V, apesar das críticas locais e da dependência de aprovação da Comissão Europeia.

Há alguns dias, um voo da companhia aérea russa Aeroflot pousou em Budapeste com doses da vacina. "Somos o primeiro país da UE a receber estas doses", celebrou o ministro húngaro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto. 

Além da Hungria, Belarus, Índia e Emirados Árabes Unidos também estão na lista de países que testam a vacina. Segundo Moscou, sua eficácia é de 95%, embora o país da Europa Central também se declare aberto às imunizações europeias ou americanas.

Após as primeiras doses, caso as autoridades aprovem a vacina, o país receberá maiores quantidades da imunização e até mesmo um fabricante húngaro poderá produzi-las no próximo ano. Com este objetivo, especialistas de Budapeste viajarão à Rússia, explicou na sexta-feira (27) Szijjarto, que recebeu o ministro russo da Saúde, Mihai Murasko.

A UE acumula contratos com empresas ocidentais - Moderna, AstraZeneca, Johnson & Johnson, Sanofi-GSK, Pfizer-BioNTech e CureVac - enquanto a Hungria implanta sua estratégia de vacinação de maneira autônoma. 

"Seria irresponsável da parte do povo húngaro renunciar a uma de suas opções", afirmou o chanceler russo. Fontes do governo rebatem as críticas, que seriam alimentadas, segundo Budapeste, pelas multinacionais farmacêuticas e "o lobby de Bruxelas". O país afirma que também entrou em contato com fabricantes chineses e israelenses.

Comissão Europeia não garante aprovação

A Comissão Europeia já advertiu que "uma vacina só poderá obter uma autorização de comercialização depois de uma análise profunda" da Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Também prometeu adotar medidas contra membros da UE que utilizem um produto não aprovado. De fato, em caso de problemas, isto afetaria a confiança da população nas campanhas de vacinação.

Na Hungria, também há críticas ao uso da Sputnik V. "Talvez seja segura e eficaz, mas, sobretudo, é uma maneira para o governo de fazer propaganda", disse Gabriella Lantos, médica e integrante do partido de oposição New World. "Se tivermos problemas, os russos são nossos amigos e são eles que virão para nos salvar: esta é a mensagem enviada", afirma.

De qualquer maneira, ainda será necessário convencer os húngaros, que estão entre os mais relutantes na Europa, a aceitar a vacinação. Por essa razão, é possível que a Hungria opte por milhões de doses de vacinas encomendadas pela UE.

(Com informações da AFP)