Topo

Morte de cientista iraniano aumenta tensão entre Irã e países adversários

28/11/2020 09h36

O presidente iraniano, Hassan Rohani, acusou Israel neste sábado (28) de ter assassinado o cientista Mohsen Fakhrizadeh, suspeito pelas potências ocidentais de ter dirigido as pesquisas para fabricar uma suposta arma atômica. O Irã assegura que nunca tentou construir armamentos nucleares.
 

"Mais uma vez, as mãos diabólicas da arrogância mundial estão manchadas com sangue do regime sionista, usurpador e mercenário", declarou Rohani em um comunicado se referindo a Israel. "O assasssinato do nosso mártir, Fakhrizadeh, demonstra o desesperto de nossos inimigos e seu ódio, mas isso não vai desacelerar nossos avanços", declarou.  O país já havia reagido ao assassinato nesta sexta-feira (27).

O cientista de 59 anos, chefe do Departamento de Pesquisa e Inovação do Ministério da Defesa,foi atacado em seu carro nesta sexta-feira (27). Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

Em janeiro, o Irã anunciou que deixaria de cumprir as exigências estabelecidas pelo acordo nuclear de 2015, depois que os Estados Unidos se retiraram, em 2018, afirmando que estaria livre para enriquecer urânio. 

O documento assinado pelo grupo dos cinco países que integram o Conselho de Segurança permanente da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido), em 2015, limita a produção e estocagem de urânio enriquecido pelos iranianos.

A morte do cientista pode provocar um confronto entre Teerã e seus adversários nas últimas semanas de governo do presidente Donald Trump e complicar os esforços do presidente eleito, Joe Biden, para restaurar o relacionamento cordial estabelecido pelo ex-presidente democrata Barack Obama, que elaborou o acordo nuclear. 

A retirada dos Estados Unidos do acordo, em 2018, gerou novas tensões com o Irã e outros países que temem suas ambições nucleares, principalmente Israel, um inimigo declarado.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu represálias pelo assassinato do cientista. No Twitter, ele publicou uma mensagem dizendo que que "as autoridades iranianas devem punir e perseguir quem cometeu o crime e também seus mandantes." De acordo com a imprensa israelense, a ameaça levou Israel a colocar suas embaixadas em estado de alerta.

Novas sanções

O chefe da diplomacia americana anunciou nesta sexta-feira (27) a imposição de sanções econômicas contra quatro empresas chinesas e russas, acusadas de terem apoiado o desenvolvimento do programa nuclear iraniano.

"Os Estados Unidos sancionaram quatro empresas da Rússia e da China por apoiar o programa nuclear do Irã", tuitou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo. As sanções de Washington são contra duas empresas com sede na China, Chengdu Best New Materials e Zibo Elim Trade, e outras duas baseadas na Rússia, o Nilco Group e a Joint Stock Company Elecon.

 Acusadas de "fornecer tecnologia e equipamentos avançados para o programa de mísseis nucleares do Irã", as companhias enfrentarão restrições à ajuda do governo americano e suas exportações durante dois anos, disse o Departamento de Estado em um comunicado. "Continuaremos utilizando todas as sanções a nossa disposição para evitar que o Irã aumente sua capacidade nuclear", enfatizou Pompeo.

Depois de deixar o acordo em 2018, os EUA restabeleceram e endureceram todas as sanções americanas contra a República Islâmica em nome de uma política de "pressão máxima". Desde então, os Estados Unidos decidiram sancionar qualquer país ou empresa estrangeira que descumprir suas medidas contra Teerã.

(Com informações da AFP)