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Opositor Alexei Navalny retorna hoje para Moscou apesar da ameaça de prisão

Líder opositor russo Alexei Navalny durante protesto em Moscou -
Líder opositor russo Alexei Navalny durante protesto em Moscou

17/01/2021 08h32

O opositor russo Alexei Navalny tem retorno previsto à Rússia neste domingo (17), depois de passar quase cinco meses se recuperando na Alemanha do envenenamento que sofreu em agosto passado, com uma substância neurotóxica do tipo Novitchok.

A Justiça russa ameaça prender Navalny logo na chegada a Moscou, alegando que ele desrespeitou as condições de uma pena de prisão suspensa em 2014.

Alexei Navalny, de 44 anos, desafia as ameaças de represália do governo de Vladimir Putin e convoca seus simpatizantes a recepcioná-lo no aeroporto moscovita de Vnoukovo. O pouso do avião proveniente da Alemanha está previsto às 13h20 no horário de Brasília.

Desde que anunciou sua intenção de retornar à Rússia, na última quarta-feira (13), o principal adversário político de Putin colocou o Kremlin em uma situação espinhosa. Uma nova detenção do opositor poderia provocar uma onda manifestações contra o regime autoritário.

Mais de 2.000 pessoas anunciaram nas redes sociais que pretendem recebê-lo no aeroporto, mas a Justiça advertiu que qualquer "evento público" não está autorizado no terminal.

Ativistas que tentavam embarcar de São Petersburgo para acolher Navalny na capital foram impedidos se seguir viagem pela polícia, de acordo com a mídia russa.

Grupos nacionalistas hostis a Navalny também ameaçaram saudá-lo com um jato de "zelionka", um antisséptico de coloração verde difícil de limpar. A substância já foi borrifada no passado contra o opositor.

A direção do aeroporto informou Navalny que não autorizaria o acesso de jornalistas ao local, alegando restrições impostas pela epidemia do coronavírus. Vídeos postados nas redes sociais mostram policiais da tropa de choque mobilizados do lado de fora do aeroporto.

Alemanha pressiona por investigação

No sábado (16), Navalny agradeceu os médicos, a polícia e políticos alemães que o apoiaram durante sua convalescença em Berlim. No dia 20 de agosto passado, ele entrou repentinamente em coma em Tomsk, na Sibéria, quando encerrava uma série de comícios que havia realizado na região, para dar apoio a opositores que disputavam eleições locais.

Hospitalizado durante alguns dias em Omsk, ele foi rapidamente transferido para Berlim, depois de familiares e assessores pressionarem o Kremlin.

Três laboratórios europeus concluíram posteriormente que o opositor havia sido envenenado com uma substância neurotóxica do tipo Novitchok, desenvolvida durante a era soviética para fins militares. Os laudos foram confirmados pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), apesar dos desmentidos de Moscou.

Navalny acusa os serviços especiais russos (FSB) de terem tentado assassiná-lo por ordem direta de Putin. Mas ao longo do tempo, dependendo da versão, as autoridades russas atribuíram o envenenamento aos serviços secretos ocidentais.

Em outras ocasiões, disseram que os problemas de saúde de Navalny estavam relacionados ao consumo de drogas. Até agora, Moscou se recusou a abrir uma investigação para descobrir o que aconteceu com Navalny, argumentando que a Alemanha se recusa a transmitir as informações médicas de seu tratamento à Rússia.

No sábado, porém, o governo alemão anunciou que havia transmitido a Moscou elementos de sua investigação judicial, "registros" de interrogatórios de Navalny e "amostras de sangue e tecidos, bem como peças de roupa", na expectativa de que Moscou finalmente comece a "lançar luz sobre esse crime".

Opositor retorna sob nova ameaça de prisão

De acordo com a administração penitenciária russa (FSIN), Navalny não teria respeitado, no período em que esteve na Alemanha, as condições de suspensão da pena de prisão recebida em 2014, que o obrigava a se apresentar pelo menos duas vezes por mês a um órgão do sistema penal.

O opositor também é alvo, desde o final de dezembro, de uma nova investigação por fraude, na qual é suspeito de ter gasto 356 milhões de rublos de doações recebidas para seu uso pessoal.