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Com 18 mil mortos em 24h, pandemia se espalha com novas variantes para 70 países

27/01/2021 16h33

A pandemia Covid-19 é cada vez mais mortal em todo o mundo, com um novo recorde de mais de 18 mil mortes em 24 horas, e as variantes, que são muito mais contagiosas, continuam a se espalhar para novos países. Na corrida pelas vacinas, o único vislumbre de esperança na tentativa de sair de uma crise que continua a se agravar, um dos fabricantes, a britânica AstraZeneca, esteve nesta quarta-feira (27) no centro das tensões com a União Europeia.

O número de países e territórios onde a variante britânica do coronavírus é encontrada agora é de 70, dez a mais do que em 19 de janeiro, anunciou a OMS nesta quarta-feira (27). A variante sul-africana que, como a britânica, é muito mais contagiosa do que o vírus SARS-CoV-2 original, também continua a se espalhar e está presente em 31 países e territórios, oito países a mais do que anteriormente, detalha a Organização Mundial de Saúde em sua revisão epidemiológica semanal. A variante brasileira foi relatada em seis novos países, num total de oito.

Estudos estão em andamento ao redor do mundo para determinar os motivos do maior contágio da variante britânica. Mas a incerteza ainda reina sobre seu nível de periculosidade. Em 22 de janeiro, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou que a variante descoberta no Reino Unido também parecia ser mais mortal. Mas os cientistas notaram que há dados limitados para concluir que a "variante inglesa" seja 30% a 40% mais letal do que o vírus clássico.

A cada dia, a situação parece ficar mais sombria: o número total de casos registrados oficialmente ultrapassou a marca de 100 milhões no mundo e, segundo a OMS, as novas variantes do coronavírus continuam aumentando. Marca inédita desde o início da pandemia, 18.109 mortes foram registradas nesta terça-feira (26) em todo o mundo, de acordo com uma contagem feita pela agência AFP a partir de relatórios comunicados pelas autoridades de saúde.

E esse número confirma uma tendência observada desde o início de janeiro: a mortalidade acelerou acentuadamente, e os limiares diários de mortalidade  aumentaram. O patamar se estabeleceu em níveis cada vez mais elevados (em média, 14 mil mortes diárias desde 22 de janeiro, contra 10 mil no final de novembro).

 No total, o mundo registrou 2,16 milhões de mortes.

Governos sob pressão para encontrar novas soluções

Na Grã-Bretanha, o primeiro país da Europa onde o limiar macabro de 100 mil mortes foi ultrapassado esta semana, o governo anunciou a imposição de uma quarentena em hotéis para residentes do Reino Unido que chegam de países considerados de risco. Trata-se de viajantes de 22 nações onde variantes do vírus "apresentam um risco", como África do Sul, Portugal e países da América do Sul, como o Brasil. Chegadas desses países já são proibidas para pessoas que não residem no Reino Unido.

Esses viajantes serão apanhados no aeroporto e "levados diretamente" ao hotel, disse o primeiro-ministro Boris Johnson. O líder conservador é acusado de ter subestimado a extensão da crise no primeiro semestre de 2020, confinando muito tarde e flexibilizando muito rápido em julho, ignorando os conselhos dos cientistas.

"Viagens não essenciais"

Relativamente poupada pela pandemia, a Finlândia também anunciou que vai endurecer suas restrições de fronteira: o país agora proíbe viagens "não essenciais" para seu território.

A Argentina, por sua vez, obrigou as companhias aéreas a reduzir a freqüência de voos de e para a Europa, Estados Unidos e México, país que registra aumento de mortes e novos casos. A partir desta quarta-feira, o país começou a proibir voos vindos do Brasil.

Na França, o governo disse que estuda vários cenários para impedir a disseminação da Covid-19, incluindo o de uma nova contenção "muito rígida", porque o atual toque de recolher a partir das 18h não está sendo eficaz o suficiente.

A França "permanece em um período ambíguo onde a situação da saúde está se deteriorando, mas não exponencialmente", resumiu o porta-voz do Eliseu, Gabriel Attar.

O tratamento da pandemia segue sem ambiguidades na Eslováquia: o país apertou seu regime de contenção ao exigir testes negativos para poder sair de casa.

Segunda semana de declínio de contaminações

Globalmente, 4,1 milhões de novos casos de Covid-19 foram relatados na semana passada, queda de 15% em relação à semana anterior. Esta é a segunda semana de declínio após o pico de incidência global de casos na primeira semana de janeiro, afirma a OMS.

Essa tendência de queda é explicada principalmente pela redução na incidência de casos em diversos países gravemente afetados pela pandemia, segundo a organização. Mas essa queda "esconde a continuidade da tendência de alta em outros países da mesma região".

Todas as zonas do mundo relataram um declínio em novos casos, exceto a região do Pacífico Ocidental, que constatou uma incidência semelhante à semana passada. O maior decréscimo no número de novos casos foi registado na região europeia (-20%), seguida da região africana (-16%).

Os continentes americano e europeu contabilizaram 86% de todos os novos casos globalmente na semana passada. No mesmo período, cerca de 96 mil mortes foram registradas em todo o mundo - número semelhante ao da semana anterior, segundo a OMS.

As Américas e a região do Mediterrâneo Oriental relataram um aumento nas mortes de 4% e 3%, respectivamente, enquanto a Europa, o sudeste da Ásia e a região do Pacífico Ocidental registraram uma diminuição de novas mortes em comparação com a semana passada. Nenhuma mudança nas novas mortes foi observada na África.

"Investigação internacional"

A investigação da OMS na China sobre as origens da pandemia do coronavírus deve ser "profunda e clara", disse a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki nesta quarta-feira.

"É imperativo que cheguemos ao fundo das coisas sobre o surgimento da pandemia na China", disse ela na véspera do início da investigação de campo por especialistas da OMS.