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Irã e Agência Internacional Atômica fecham acordo temporário de inspeção nuclear

As discussões entre o Irã e o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica produziram um "resultado significativo", afirmou o porta-voz das Relações Exteriores iraniano - Heinz-Peter Bader/Reuters
As discussões entre o Irã e o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica produziram um "resultado significativo", afirmou o porta-voz das Relações Exteriores iraniano Imagem: Heinz-Peter Bader/Reuters

22/02/2021 07h34

Após as reuniões deste fim de semana, o Irã e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) anunciaram na noite de ontem um acordo "temporário" para manter uma vigilância reduzida das atividades nucleares do país, enquanto seguem as negociações diplomáticas entre os signatários do pacto de 2015, sobre o programa nuclear iraniano.

As discussões entre o Irã e o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica produziram um "resultado significativo", afirmou o porta-voz das Relações Exteriores iraniano, Saïd Khatibzadeh, hoje, véspera do prazo definido pelo Parlamento para limitar as inspeções internacionais e no dia seguinte à visita de Rafael Grossi ao país.

Ao retornar a Viena depois de "intensas discussões" em Teerã, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, afirmou que a legislação iraniana limitando certas inspeções, caso as sanções americanas não sejam suspensas, "existe e será aplicada" a partir de amanhã, lamentou. No entanto, "seremos capazes de manter o grau necessário de monitoramento e verificação", acrescentou.

A solução temporária deve durar três meses. "Isso resolve a situação imediatamente", afirmou Grossi. Nos termos deste "acordo técnico bilateral", o número de inspetores no Irã permanece inalterado e a AIEA poderá realizar inspeções sem aviso prévio.

Entretanto, a lei votada pelo Parlamento iraniano prevê a restrição de certas inspeções, inclusive em locais militares suspeitos, caso as sanções dos Estados Unidos sejam mantidas. "É claro que para conseguir uma situação estável, será necessária negociação política, e não é minha responsabilidade", concluiu o diretor-geral da AIEA.

"Discussões frutíferas"

Grossi chegou a Teerã no sábado, onde se encontrou com o presidente da OIEA (Organização de Energia Atômica Iraniana), Ali Akbar Salehi, e com o ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif.

"O Irã e a AIEA tiveram discussões frutíferas com base no respeito mútuo", tuitou Kazem Gharibabadi, embaixador do Irã na AIEA.

O acordo nuclear concluído em 2015 reuniu o chamado grupo 5 + 1 (Estados Unidos, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia, China) e prevê que Teerã limite seu nível de enriquecimento de urânio a menos de 4% e que parte do material seja estocada no exterior. Porém, após a retirada unilateral americana do acordo e o restabelecimento das sanções que estrangulam a economia iraniana, o Irã decidiu voltar atrás na imposição de limites ao seu programa nuclear, conforme havia concordado no pacto internacional.

Em um gesto conciliador em direção ao Irã, os Estados Unidos aceitaram, na quinta-feira (18), um convite dos europeus para participarem de novas negociações para relançar o pacto.

O contexto diplomático é complexo, já que o Irã e os Estados Unidos não mantêm relações diplomáticas desde 1980. Apesar disso, o vice-ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, disse estar considerando a proposta da UE de um "encontro informal".

Com informações da AFP