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França: artistas e técnicos protestam contra falta de perspectivas pós-pandemia

04/03/2021 12h53

Um ano depois do início da epidemia do coronavírus na França, profissionais do setor da cultura voltaram às ruas nesta quinta-feira (4) em Paris para protestar contra a ausência de uma data de reabertura de teatros, museus, cinemas, circos e salas de espetáculos. Na capital, o cortejo saiu da praça da República em direção à igreja La Madeleine. 

A Confederação Geral dos Trabalhadores da área da Cultura (CGT-Cultura) - na iniciativa das manifestações em Paris, Marselha, Bordeaux, Nice e Estrasburgo - diz que muitos artistas e técnicos enfrentam "circunstâncias sociais degradantes e dramáticas".

Os contratos curtos de trabalho, por tempo determinado, amplamente utilizados por prefeituras, organismos vinculados à função pública do Estado e empresas de produção privadas, minguaram. "As oportunidades de trabalho praticamente desapareceram", constata o sindicato. E como o pagamento do seguro-desemprego específico dessa categoria depende da acumulação de um número mínimo de horas trabalhadas, técnicos e artistas vão aos poucos esgotando o seu direito ao seguro-desemprego. 

A central CGT-Cultura pede ao poder poder público "uma política de apoio excepcional à criação artística", por meio da contratação de espetáculos, exposições e outras atividades culturais. Artistas e técnicos também demandam um diálogo com o governo sobre as condições de reabertura dos estabelecimentos, além de um acompanhamento individualizado durante a futura retomada do setor. Entre outras reivindicações, a CGT defende um política de valorização dos salários e o acompanhamento de estudantes recém-formados que sequer puderam começar a trabalhar na área desde o começo do ano passado. 

Por fim, a CGT pede ao Ministério da Cultura que prolongue a concessão das indenizações do seguro-desemprego, que já foram excepcionalmente ampliadas até 31 de agosto de 2021.

Na última segunda-feira (1), o presidente Emmanuel Macron pediu aos franceses que tenham paciência por mais quatro a seis semanas, tempo que ele acredita necessário para diminuir a pressão sobre os hospitais e acelerar a vacinação contra o coronavírus. Para passar "o mau tempo" que está por vir, disse o porta-voz do governo, Gabriel Attal, é possível imaginar "um retorno a uma vida mais normal (...) talvez a partir de meados de abril". 

Nesta perspectiva, Macron se reuniu na quarta-feira (3) com o primeiro-ministro Jean Castex e prefeitos, a fim de estudar os vários cenários possíveis de reabertura de estabelecimentos culturais e outros locais fechados atualmente.