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No Iraque, papa defende minoria yazidi e pede para "silenciar as armas"

05/03/2021 12h41

O papa Francisco fez um discurso contra a violência ao desembarcar em Bagdá, nesta sexta-feira (5). O sumo pontífice, que faz a primeira viagem de um chefe do Vaticano ao Iraque, denunciou a perseguição da minoria yazidi, criticou a corrupção e pediu mais paz e tolerância no país.

"Chega de violência, de extremismo e de intolerância", disse Francisco em seu discurso diante de líderes políticos logo após seu desembarque na capital iraquiana. "Que se calem as armas!", declarou o chefe da Igreja Católica, que chegou ao país sob um forte esquema de segurança, dois dias após um atentado visando uma base militar.

O papa também dedicou parte de seu discurso à defesa das minorias étnicas e religiosas, em um país de maioria muçulmana. Francisco disse que "ninguém deve ser considerado um cidadão de segunda classe", sejam cristãos, que representam 1% da população do Iraque, ou yazidis. Além de marginalizada, a minoria é perseguida pelo grupo Estado Islâmico, que transformou milhares de mulheres do grupo em escravas sexuais.

"Não posso deixar de me lembrar dos yazidis, vítimas inocentes de atrocidades sem sentido e desumanas, perseguidos por causa de sua prática religiosa, cuja identidade e sobrevivência foram ameaçadas", insistiu Francisco.

Como esperado, o papa ressaltou a "presença muito antiga dos cristãos nessa terra" e pediu aos membros da igreja católica que "participassem da vida pública como cidadãos, gozando de plenos direitos, liberdade e responsabilidade".

Corrupção

O papa também defendeu em seu primeiro discurso a "luta contra a corrupção" e os abusos de poder. "É preciso construir justiça, fazer crescer a honestidade, a transparência e fortalecer as instituições", disse, diante dos líderes políticos do país, um dos mais corruptos do mundo e dilacerado há 40 anos pela violência.

O início da viagem também foi marcado por uma visita à catedral de Bagdá, destruída em 2010 por um atentado que deixou 53 mortos. "Agradeço os bispos e padres que permaneceram próximos do povo, os apoiando", disse Francisco dentro do templo.

A comunidade cristã do Iraque passou de quase 1,5 milhão em 2003 para menos de 400 mil atualmente. Mas, segundo o representante do Vaticano, apesar de pequena, a comunidade deve continuar "enriquecendo o avanço do país". Esta é a primeira viagem ao exterior do pontífice, desde o início da pandemia de Covid-19. Ele está imunizado, depois de receber a primeira dose da vacina da Pfizer em janeiro e a segunda, em fevereiro.

(Com informações da AFP)