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Europa e coronavírus: como num final de filme de Vampiro

08/03/2021 07h23

Vocês lembram dos filmes de Vampiro, aqueles dos bons tempos, com Christopher Lee, Bela Lugosi, e mais recentemente com Klaus Kinski e Gary Oldman? Pois estamos vivendo um clima semelhante, em termos de Coronavírus e Covid-19, na Europa. 

Flávio Aguiar, de Berlim

Como num final de filme de Vampiro, as coisas estão melhorando. O pico do número de casos aconteceu no continente entre novembro do ano passado e o final de janeiro deste ano, variando de país para país. Na França, por exemplo, o pico aconteceu no começo de novembro, e em janeiro a situação ja estava mais equilibrada. Já no Reino Unido o pico aconteceu no começo de janeiro, e desde então o número de novos casos caiu e se equilibrou. 

O caso mais espetacular e promissor foi o de Portugal. O pico aconteceu em 28 de janeiro, com quase 16.500 novos casos num único dia, numa população equivalente a da cidade de São Paulo - não a Grande São Paulo, veja bem. Havia um clima de "descontração" geral. Mas em 4 de março, registraram-se apenas 830 novas contaminações, graças às novas medidas severas de restrição à circulação e aglomerações, e da obrigatoriedade do uso de máscaras, que foram tomadas desde então.

Há outros sinais promissores: afinal a Agência Europeia de Medicamentos, órgão oficial da União no setor, decidiu-se a examinar os resultados da vacina russa Sputnik 5, para possivelmente liberá-la. 

Futuro da Europa 

Apesar das diferenças entre os países, há discussão de medidas que venham a liberar os lockdowns e confinamentos, diante do progresso, ainda que muito lento, das vacinações. Na Alemanha, discute-se a possibilidade de liberações progressivas a partir do final de março. 

Mas.. permanecem de pé muitas dúvidas ameaçadoras e certezas angustiantes. Como enfrentar as novas variantes do coronavírus? As vacinas disponíveis serão eficazes contra elas? Será possível acelerar o processo de vacinação, muito lento diante das necessidades? Em alguns países onde a vacinação está mais adiantada, os números de novos casos diários voltaram a crescer, porque houve um relaxamento da população nas medidas de segurança.  

Estaremos forçados a viver com a ameaça do vírus ainda por muito tempo, talvez para sempre? Sobretudo, há a dúvida maior: que Europa vai emergir desta crise, quando e se ela passar? Será mais protecionista? Mais ou menos dividida, mais ou menos unida? Penderá mais para a direita, mais para a esquerda, ficará, como Minas Gerais, onde sempre esteve, como na frase atribuída ao escritor mineiro Otto Lara Resende? Ainda não sabemos. O certo é que, como um Christopher Lee de antigamente, pronto para renascer no próximo filme, o vírus ainda espreita a Europa e o mundo, com muitas perguntas e poucas respostas.