Topo

Moderna começa a testar vacina contra a Covid-19 em bebês e crianças de até 11 anos

16/03/2021 17h29

A empresa de biotecnologia americana Moderna anunciou nesta terça-feira (16) ter começado os testes de sua vacina contra a Covid-19 em milhares de bebês a partir de seis meses e crianças de até 11 anos. A imunização de menores é considerada uma etapa essencial na luta contra a pandemia de coronavírus.

Se bebês e crianças constituem uma parte importante da população mundial, eles desenvolvem menos frequentemente formas graves da doença e transmitem menos o vírus. Por isso, até agora, a vacinação de menores não era uma prioridade.

Nenhuma das vacinas utilizadas atualmente na imunização contra a Covid-19 é autorizada em bebês e crianças. O produto da Pfizer/BioNTech pode ser aplicado a partir dos 16 anos. Já os imunizantes da Moderna e da Johnson & Johnson foram aprovados para serem utilizados a partir dos 18 anos.

Tanto a Pfizer quanto a Johnson & Johnson também estudam a possibilidade de começar a inocular suas vacinas a partir dos 12 anos. Já a AstraZeneca estuda o efeito de seu produto em crianças a partir de 6 anos.

A Moderna anunciou que 6.750 crianças e bebês, no total, participarão dos testes clínicos com seu imunizante nos Estados Unidos e no Canadá. Segundo a empresa, os menores continuarão sendo acompanhados durante um ano após a segunda dose.

Atualmente, a quantidade de indivíduos estudados nos ensaios de vacinas em bebês e crianças é extremamente inferior às dezenas de milhares de adultos testados. Segundo os especialistas, isso acontece porque a segurança dos imunizantes em humanos já foi comprovada. A questão crucial é qual dosagem é melhor adaptada para os menores.

Alta prioridade

Vários especialistas americanos aprovam a imunização de bebês e crianças. É o caso da presidente da Academia Americana de Pediatria, Lee Savio Beers, para quem a imunização de menores é uma "alta prioridade".

"As crianças de menos de 10 anos transmitem menos o vírus, mas isso não quer dizer que eles não o transmitem completamente", especialmente para pessoas que fazem parte de grupos de risco, afirma. "Mesmo que eles tenham menos chances de ficar gravemente doentes, eles também podem desenvolver formas graves", reitera, lembrando as centenas de mortes de menores por Covid-19 no país.

O professor de pediatria Henry Bernstein também lembra que as crianças sofrem com as consequências da pandemia, como o fechamento das escolas. "Quanto mais pessoas pudermos vacinar, melhor será", salienta. O especialista lembra que nos Estados Unidos, um quinto da população - uma proporção importante - tem menos de 18 anos.

No último mês de fevereiro, uma publicação na prestigiosa revista científica The New England Journal of Medicine lembrou que "para uma imunidade coletiva eficaz, as crianças precisarão ser vacinadas". Segundo os pediatras Perri Klass e Adam J. Ratner, essa é "uma obrigação étnica e uma necessidade prática". Para eles, os benefícios serão "diretos", com menos crianças sendo contaminadas e "indiretos", impedindo que elas transmitam a doença.

Riscos e benefícios

Outros médicos chamam atenção para "o cálculo dos riscos e benefícios". Segundo Amesh Adalja, especialista em segurança sanitária do Centro Johns Hopkins, é preciso considerar os perigos e vantagens "de quando se vacina uma criança de 9 anos e um idoso de 90 anos".

Neste contexto, "que nível de efeitos colaterais é tolerável?", questiona. Por isso, Adalja faz um apelo para a divisão das crianças por faixas etárias, priorizando a vacinação de adolescentes e poupando os muito pequenos. O especialista também expressa sua esperança que a pandemia seja controlada antes que a distribuição de vacinas para os menores comece.

No entanto, segundo o imunologista americano Anthony Fauci, uma das principais referências da luta contra a Covid-19 nos Estados Unidos, os americanos de menores de 12 anos poderão "muito provavelmente" ser vacinados contra a doença no início de 2022.

(Com informações da AFP)