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Em meio a críticas sobre gestão da pandemia, Macron deve anunciar novas medidas restritivas

31/03/2021 07h04

Em meio a críticas sobre sua estratégia para enfrentar a evolução da pandemia de Covid-19 e com hospitais sob pressão, o presidente francês Emmanuel Macron fará um pronunciamento nesta quarta-feira (31), às 20 horas (15 no horário de Brasília), e deve anunciar novas medidas de isolamento para frear a expansão do vírus.

Fechar as escolas, expandir as restrições aplicadas em Paris e sua região a outros departamentos franceses ou enviar os pacientes para hospitais em cidades menos atingidas e com mais leitos disponíveis são as medidas estudadas pelo governo francês para evitar o colapso do sistema hospitalar.

Macron convocou novamente o Conselho de Segurança Sanitária nesta quarta-feira para consultar especialistas antes de tomar a decisão que será anunciada aos franceses. Esta é a primeira vez que o chefe de Estado faz um pronunciamento sobre a situação sanitária do país este ano, a última foi em novembro do ano passado, quando anunciou o segundo lockdown na França.

A tendência do avanço da pandemia nos últimos dias é preocupante. O número de pacientes em terapia intensiva chegou a 5.072, superando a capacidade dos hospitais e o pico da segunda onda em novembro. Contando os doentes de Covid-19 e os outros pacientes, 9 entre 10 leitos em UTIs estão atualmente ocupados, de acordo com o ministério da Saúde.

Pressão

A degradação da situação aumentou a pressão sobre o presidente francês, tanto de profissionais da saúde quanto da oposição, para tomar medidas mais eficazes, como um lockdown estrito, rejeitado pelo presidente. Macron aposta em "confinamento híbrido", fechando comércios, mas permitindo a circulaçâo das pessoas em um perímetro de 10 km de casa e com as escolas abertas. Estas medidas foram aplicadas há aproximadamente duas semanas, em 19 departamentos franceses, e seus resultados ainda não podem ser avaliados.

O chefe de Estado vem sendo criticado por tomar decisões sem consultar outras lideranças e por se recusar a fazer um "mea culpa" por não ter imposto um confinamento em janeiro, contra alertas da comunidade científica.

Médicos e responsáveis de hospitais alertaram sobre o risco de serem obrigados a fazer uma "triagem" dos doentes por falta de leitos nas UTIs. Uma situação "impossível" para o ministro da Saúde, Olivier Véran, que afirmou na terça-feira (30) que "não permitiremos a saturação dos hospitais, não deixaremos os médicos serem obrigados a escolher os doentes".

Fechamento das escolas

Uma das maneiras estudadas para diminuir a pressão nos hospitais, segundo uma parte dos professores, pais e prefeitos, seria de fechar as escolas para limitar as contaminações. Uma solução que Macron e o ministro da Educação, Jean Michel Blanquer, consideram como um último recurso.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, pediu nesta quarta-feira o fechamento das escolas na capital francesa, tendo em vista a situação sanitária "muito grave" e a "grande desorganização" dos estabelecimentos.

Em entrevista à uma tevê francesa, Hidalgo afirmou que "aproximadamente 20.000 alunos não estavam tendo aula por estarem doentes ou porque as classes foram fechadas". Desde segunda-feira (29), o governo estabeleceu que um caso de Covid-19 justifica o fechamento da classe nas regiões mais atingidas. Até agora, segundo a prefeitura de Paris, 850 classes foram fechadas na cidade.

As escolas são um dos "maiores lugares de contaminação", diz Antoine Flahaut, diretor do Instituto de Saúde global da Universidade de Genebra, que aconselha o fechamento e aplicação de medidas restritivas.

A proposta feita pela presidente da região de Ile-de-France, onde se encontra Paris, Valérie Pécresse, de adiantar as férias de primavera, previstas para 17 de abril, para fechar as escolas durante um mês, está sendo analisada pelo Eliseu, segundo um conselheiro.

Entre os parâmetros da equação, o Executivo também deve levar em conta a aceitação das medidas entre uma população cada vez mais reticente.