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Pandemia atrasa avanços em matéria de igualdade entre homens e mulheres, diz estudo

31/03/2021 08h35

Uma nova consequência da Covid-19 foi revelada pelo relatório anual 2021 do Fórum Mundial Econômico: a pandemia atrasou os avanços em matéria de igualdades entre homens e mulheres em uma geração. O Brasil ocupa o lugar 93° no ranking da igualdade entre sexos da organização, atrás da Argentina (35°) e do Paraguai (86°).

Uma nova geração de mulheres terá que esperar entre 99,5 e 135,6 anos, dependendo do país onde vive, antes de alcançar a paridade entre sexos. Na América Latina, as mulheres terão que esperar 68,9 anos para apagar completamente as diferenças. Apesar disso, a região melhorou sua pontuação global, de acordo com o relatório. Já na Europa ocidental, serão necessários 52,1 anos.

A Islândia é, pela 12a vez, o país melhor classificado, seguido por Finlândia e Noruega. Mas avanços pela igualdade estagnaram em grande parte das economias e indústrias. Este dado se explica em parte pelo fato de as mulheres serem normalmente empregadas nos setores mais afetados pelas medidas de confinamento, além de pressões suplementares ligadas às responsabilidades com a casa.

O relatório, que está em sua 15a edição, avalia as diferenças entre sexos em quatro áreas: participação e oportunidades econômicas, nível de educação, saúde e sobrevivência e poder político. O documento estuda também as causas das diferenças entre sexos e descreve as políticas e práticas necessárias para um crescimento baseado na igualdade entre homens e mulheres.

Deterioração

A deterioração deste ano é em parte atribuída ao aumento da "disparidade política entre os sexos" em países populosos. Ainda que mais da metade dos 156 países analisados tenham registrado avanços, as mulheres ocupam apenas 26,1% das vagas parlamentares e 22,6% de cargos ministeriais no mundo.

Se a tendência atual continuar, em política as diferenças entre os sexos deveriam levar 145,5 anos a desaparecer, contra 95 anos na última edição do relatório, o que significa um aumento de mais de 50%.

A diferença econômica entre mulheres e homens teve uma melhora marginal desde a edição passada do relatório e terá que esperar ainda 267,6 anos para deixar de existir. A progressão lenta, segundo o Fórum Econômico Mundial, se deve a duas tendências opostas: apesar da proporção de mulheres entre profissionais qualificados continuar a aumentar, as disparidades de salários persistem e poucas mulheres ocupam postos de direção em empresas.

Mas nem tudo está perdido. Em matéria de educação, 37 países conseguiram alcançar a paridade, mas ainda será necessário esperar 14,2 anos para cessar completamente as diferenças porque, devido à pandemia, houve um atraso da progressão. Em matéria de saúde, as diferenças foram superadas em 95% dos países observados, com uma diminuição marginal no ano passado.

De acordo com Saadia Zahidi, membro do Comitê executivo do Fórum, "a pandemia teve um impacto fundamental na igualdade entre mulheres e homens, tanto no campo profissional, quanto em casa". Zahidi afirma que "se queremos preparar uma economia dinâmica para amanhã, será vital que mulheres sejam representadas em empregos com futuro."