Topo

França anuncia homenagem às vésperas de completar 100 mil mortes pela Covid-19

14/04/2021 13h31

Enquanto a marca de 100 mil mortes pelo conavírus está prestes a ser ultrapassada na França, o presidente francês Emmanuel Macron fez um balanço nesta quarta-feira (14) durante o tradicional Conselho de Defesa da Saúde, quase duas semanas após a implementação de "medidas de restrição" reforçadas. Apesar dos "sinais encorajadores", "a terceira onda não ficou para trás", insistiu o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, no final do Conselho de Ministros, prometendo também "uma homenagem" da França às quase 100 mil vítimas da Covid-19.

Além disso, os fortes temores sobre a "variante brasileira" da Covid-19, dificultaram o lançamento da vacina da Johnson & Johnson na França: o governo francês enfrenta agora novos contratempos para implementar sua estratégia de "saída da crise" que prepara para meados de maio.

Emmanuel Macron vai reunir novamente parte do seu governo na quinta-feira (15) para examinar o processo de reabertura gradual de cafés e restaurantes, bem como de alguns espaços culturais, previsto para meados de maio.

Mas será que este prazo prometido pelo chefe de Estado será cumprido? A situação da saúde na França dá margem a dúvidas, com quase 6.000 pacientes de Covid-19 em terapia intensiva, um número não alcançado desde meados de abril de 2020.

"O pico de internações ainda não foi atingido, isso significa que ainda temos dias muito difíceis pela frente", alertou Attal.

O coronavírus causou até agora 99.508 mortes na França.

Último vôo vindo do Brasil

Em caráter emergencial, o primeiro-ministro francês Jean Castex anunciou na terça-feira (13) a suspensão dos voos entre Brasil e França - por enquanto até 19 de abril - devido a preocupações com a variante P1, conhecida como a "variante da Manaus", considerada mais perigosa, mas ainda minoritária na França.

Os dois últimos voos da Air France saindo de São Paulo e Rio de Janeiro pousaram pouco antes das 7h da manhã, hora local, em Roissy.

"O fato de fechar as fronteiras pode ter alguma consistência. Mas hoje na Guiana [Francesa] existem tantas variantes brasileiras quanto no Brasil, também vamos fechar voos com a Guiana?", perguntou o infectologista francês Enrique Casalino, entrevistado pela Radio Classique.

Segundo o ministro da Saúde da França, Olivier Véran, as contaminações contabilizam "80% da variante de origem britânica" e "pouco menos de 4% das variantes brasileira e sul-africana" em território francês.

O impacto psicológico do confinamento

Para sair da "terceira onda" da epidemia, o governo francês conta mais do que nunca com a campanha de vacinação, que deve se acelerar semana após semana.

Apesar do anúncio da Johnson & Johnson de atrasar a implantação de seu imunizante de dose única, o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, garantiu que as primeiras 200.000 doses que já chegaram à França "obviamente serão distribuídas e administradas" como planejado, para pessoas com mais de 55 anos.

Em relação à vacina da AstraZeneca, Attal reiterou que as autoridades francesas têm "confiança nesta vacina", apesar do anúncio da Dinamarca de desistir definitivamente do imunizante.

Ao mesmo tempo, os laboratórios da BioNTech e da Pfizer (tecnologia de RNA mensageiro) vão aumentar as entregas de suas vacinas para a União Europeia em 50 milhões de doses no segundo trimestre, para chegar a 250 milhões de doses no mesmo período, anunciou o presidente da Comissão Europeia , Ursula von der Leyen.

Até o momento, um em cada cinco adultos (21%) recebeu a primeira dose da vacina e pouco mais de 7% foram vacinados com duas doses na França. O governo espera 20 milhões de vacinados até 15 de maio.

Mas o ministro da Economia, Bruno Le Maire, recusou-se a confirmar esse cronograma, indicando no canal de TV BFM que o dia 15 de maio fazia "parte das hipóteses".

O impacto psicológico da crise e do confinamento em crianças e adolescentes deve ser discutido na tarde desta quarta-feira por Emmanuel Macron, no serviço de psiquiatria infantil do CHU de Reims (centro).

De acordo com pesquisas conduzidas pela agência nacional de saúde, a proporção de franceses que relatam ansiedade ou depressão aumentou acentuadamente desde o primeiro confinamento e permaneceu em um nível elevado desde então, afetando quase um terço (31%) da população.

(Com informações da AFP)