Políticos entram na guerra a favor da Uefa e contra Superliga Europeia de futebol
O projeto de criação da Superliga Europeia de futebol, um torneio privado com 12 grandes clubes do continente e destinado a concorrer com a Liga dos Campeões, extrapola o mundo esportivo e governos entram em campo para defender a Federação Europeia de Futebol (Uefa). A iniciativa, lançada nesta segunda-feira (19) por Juventus de Turim, Real Madrid, FC Barcelona, Liverpool e Manchester United, entre outras grandes equipes, foi rejeitada pelo PSG e o Bayern de Munique.
O projeto de criação da Superliga Europeia de futebol, um torneio privado com 12 grandes clubes do continente e destinado a concorrer com a Liga dos Campeões, extrapola o mundo esportivo e governos entram em campo para defender a Federação Europeia de Futebol (Uefa). A iniciativa, lançada nesta segunda-feira (19) por Juventus de Turim, Real Madrid, FC Barcelona, Liverpool e Manchester United, entre outras grandes equipes, foi rejeitada pelo PSG e o Bayern de Munique.
A operação é vista pela imprensa como uma declaração de guerra às instâncias esportivas. O jornal L'Équipe evoca uma "Guerra dos ricos", "É a guerra", insiste o tablóide britânico Daily Express, enquanto na Espanha, o AS fala de "uma bomba no futebol europeu".
O principal objetivo dos clubes envolvidos é aumentar seus ganhos com patrocínio e marketing esportivo, deixando de lado o espírito esportivo e de redistribuição de receitas para equipes menores, advertem os críticos. O grupo, formado por AC Milan, Arsenal, Atlético Madrid, Chelsea FC, FC Barcelone, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham, almeja organizar um maior número de jogos durante o ano e ficar com uma fatia bem maior do bolo atualmente dividido pela Uefa.
Segundo seus promotores, os clubes fundadores receberiam um pagamento único de cerca de ? 3,5bilhões destinados exclusivamente a investimentos em infraestruturas e para compensar o impacto da crise da Covid-19. Eles também prometem organizar uma Super Liga feminina de futebol.
Reações políticas
O comissário responsável pela Promoção do Modo de Vida Europeu na Comissão de Bruxelas, Margaritis Schinas, julgou a "Super Liga" contrária aos valores europeus de "diversidade" e "inclusão".
O presidente francês, Emmanuel Macron, parabenizou o PSG e demais clubes franceses que se recusaram a aderir ao projeto, que, segundo ele, ameaça o princípio da solidariedade e do mérito esportivo. "Os sonhos hegemônicos de uma oligarquia terão por consequência o desaparecimento de um sistema europeu que permitiu um desenvolvimento sem precedentes do futebol no continente", diz uma nota publicada pelo Palácio do Eliseu. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também criticou o projeto.
Ameaça de exclusão de competições internacionais
As instâncias esportivas foram as primeiras a reagir. A Fifa afirmou que "só pode desaprovar uma Liga Europeia fechada e dissidente fora das estruturas do futebol".
Em comunicado, a Uefa classificou o projeto de "cínico" e ameaçou excluir os clubes que participarem de uma "Superliga" independente. "Conforme anunciado anteriormente pela Fifa (...), os clubes envolvidos seriam proibidos de participar em qualquer outra competição a nível nacional, europeu ou mundial. Seus jogadores poderiam ver negada a possibilidade de representar as suas seleções nacionais", detalhou o texto.
A Uefa e a Fifa já haviam antecipado sanções duras quando surgiram as primeiras especulações sobre esse novo torneio em janeiro. A exclusão de competições internacionais teria consequências graves uma vez que as equipes dos clubes que lançaram a Superliga são formadas por muitos jogadores estrangeiros, que seriam proibidos de atuar por suas seleções nacionais.
Estreia em agosto
No comunicado anunciando a criação da "Superliga", os 12 clubes, provenientes somente de três países europeus (Espanha, Itália e Inglaterra) anunciaram para "agosto" a estreia da competição independente. Mas o cronograma preciso não foi definido.
Segundo os promotores, o projeto tem como objetivo "gerar recursos complementares para toda a pirâmide do futebol". O banco JPMorgan revelou nesta segunda-feira que irá financiar a criação do torneio independente do futebol europeu.
O primeiro presidente da Superliga é o espanhol Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, e o italiano Andrea Agnelli, patrono da Juventus, o vice-presidente.
O anúncio de lançamento da Superliga aconteceu pouco antes de uma importante reunião do Comitê Executivo da Uefa, nesta segunda-feira na cidade suíça de Montreux, que irá aprovar uma reforma profunda da Liga dos Campeões. A Federação Europeia de Futebol pretende impedir a possibilidade de surgimento dessa nova competição.
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