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Premiê francês recebe 80 calcinhas em protesto por fechamento de lojas de lingerie durante pandemia

Num comunicado, os organizadores da operação afirmam que "não é nas empresas independentes que o risco de transmissão [de Covid-19] é maior - Reprodução/Instagram
Num comunicado, os organizadores da operação afirmam que "não é nas empresas independentes que o risco de transmissão [de Covid-19] é maior Imagem: Reprodução/Instagram

20/04/2021 16h00

Quem disse que lingerie não é ítem de primeira necessidade? As francesas que o digam: numa ação "simbólica e bem humorada" para protestar contra o fechamento de lojas de roupas íntimas durante o lockdown, gerentes de "butiques" de lingerie enviaram mais de 80 calcinhas para o primeiro-ministro da França, Jean Castex. A ação, intitulada de "cullotée", uma expressão que significa "atrevida", num trocadilho com a palavra francesa "cullote" (calcinha), pede que as lojas de lingerie sejam reclassificadas como "comércio essencial", para permanecerem abertas durante a pandemia.

Pacotes e envolopes para lá de originais devem chegar em breve a Matignon, a residência oficial do primeiro-ministro da França, Jean Castex. É que 80 gerentes de lojas independentes de roupas íntimas da França decidiram enviar calcinhas ao primeiro-ministro Jean Castex, em sinal de insatisfação. Eles contestam o fechamento de seus negócios, considerados "não essenciais", durante o lockdown no país.

"Uma ação simbólica mas acima de tudo humorística", explicam os comerciantes. Na carta dirigida a Castex, uma mensagem: "você encontrará em anexo a esta carta um elemento da vida cotidiana ainda considerado não essencial por seu governo: a calcinha".

Em um vídeo postado no TikTok na segunda-feira (19), que viralizou na França, uma gerente de uma loja de lingerie expressou seu aborrecimento: "Não, não somos desnecessários. Não, colocar calcinha todas as manhãs não é uma coisa a ser relegada para o segundo plano. Temos o direito de abrir, como outras lojas, como lojas de discos ou centros de jardinagem", disse. E concluiu: "Achamos engraçado, simbólico e significativo enviar uma calcinha ao governo para dizer que não estamos felizes".

"Distribuidores de felicidade"

Num comunicado, os organizadores da operação afirmam que "não é nas empresas independentes que o risco de transmissão [de Covid-19] é maior. As nossas pequenas lojas nos permitem regular o fluxo de visitantes com precisão. Os grandes hipermercados, por outro lado, estão abertos, e muitas vezes acolhem o público sem respeitar a capacidade estabelecida e nem sempre aplicam medidas de distanciamento social".

"Além disso", continua o texto, "este tipo de negócio contribui para a economia local. [...] Reforça o tecido social das cidades. Somos os animadores do centro da cidade, os confidentes dos solteiros ou dos idosos, os distribuidores de felicidade aos nossos clientes", destacam.

Os comerciantes exigem "a reclassificação da roupa íntima como produto 'essencial' e, portanto, a reabertura das lojas afetadas".

Na sexta-feira passada, o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, reafirmou na rádio France Info que a reabertura das lojas não essenciais não estava prevista antes de meados de maio, assim como de alguns espaços culturais.