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Aviões militares entram na luta contra a Covid-19 na Índia após recorde de 330 mil casos em um dia

23/04/2021 15h18

Aviões militares começaram a transportar médicos e oxigênio enquanto a Índia batia um novo recorde mundial ao ultrapassar sua própria contagem diária de vírus de 330.000 casos pelo segundo dia consecutivo nesta sexta-feira (23). Hospitais e cemitérios em todo o país estão chegando à lotação máxima e pessoas doentes morrem sem ajuda.

A Força Aérea indiana usou aviões de transporte para mover tanques de oxigênio vazios para reabastecimento, pois hospitais em vários estados indianos relataram escassez do produto.

Profissionais de saúde de outras regiões foram realocados para trabalhar em um hospital com 500 leitos montado pelos militares em Delhi, o estado mais atingido depois de Maharashtra.

"O transporte aéreo de pessoal médico, equipamento sensível e medicamentos está em andamento para os hospitais e instalações da Covid em todo o país", disse a Força Aérea.

Aviões militares vão trazer contêineres de oxigênio de "nações amigas", bem como 23 galões de usinas produtoras de oxigênio da Alemanha.

Quebra-cabeças de oxigênio

Os militares foram destacados depois que tribunais indianos disseram ao governo nesta semana para "implorar, pedir emprestado ou roubar" a fim de fornecer oxigênio a cidades que enfrentam uma escassez que pode trazer resultados fatais.

Em 12 de abril, a Índia reivindicou oxigênio suficiente para 13 dias, mas a escassez começou quase imediatamente quando a demanda disparou para mais de 8.000 toneladas. A capacidade nacional de produção diária é de 7.127 toneladas.

"Mesmo a todo vapor, nunca alcançaríamos essa demanda crescente", disse um funcionário à RFI.

Os estados indianos se acusaram mutuamente de bloquear o fornecimento crítico. Vinte e quatro pacientes da Covid morreram em uma cidade de Maharashtra depois que o oxigênio vazou em um hospital.

Cepa com dupla mutação

Cientistas anunciaram estar estudando uma variante potencialmente prejudicial, a B.1.617. Ela foi detectada pela primeira vez em outubro, mas especialistas locais insistiram que não a mutação era a responsável pelo atual surto na Índia.

"A variante foi encontrada em apenas 10% dos casos em que o genoma foi sequenciado no momento no país", disse Rakesh Mishra, diretor de um centro estatal de pesquisa em biologia celular e molecular. "Mas está aumentando sua frequência a cada dia."

O imunologista Vineeta Bal argumentou que mais dados científicos são necessários para identificar o aumento, que causou 2.263 mortes nas 24 horas até esta sexta-feira.

A variante também foi detectada na Bélgica, Austrália, Cingapura e EUA. Muitos países passaram a impor restrições de viagens à Índia ou a aplicar uma rígida quarentena, como a França.

 

(com informações da AFP)