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França abre vacinação para obesos e doentes crônicos graves acima de 18 anos

30/04/2021 09h52

O ministro da Saúde francês, Olivier Véran, anunciou nesta sexta-feira (30) que a vacinação contra a Covid-19 será ampliada a partir de sábado, 1º de maio, para todas as pessoas com mais de 18 anos que sofrem de doenças crônicas graves. O ministro mencionou, em particular, os indivíduos que sofrem de obesidade, hipertensão, diabetes, insuficiência renal, insuficiência cardíaca ou câncer. Essa extensão irá beneficiar 4 milhões de pessoas, detalhou Verán. 

Ontem, o presidente Emmanuel Macron já havia declarado que a vacinação seria aberta a todos os adultos obesos. A França conta com 2,3 milhões de cidadãos com excesso de peso patológico. "Convido os franceses afetados por uma grave sobrecarga ponderal a comparecer nos centros de vacinação a partir deste fim de semana", disse Macron em entrevista à imprensa regional

"A obesidade é o primeiro fator de risco, fora a idade, que expõe as pessoas a formas graves da Covid-19", lembrou o ministro da Saúde. "Mas obviamente estamos abrindo a vacinação para pessoas que apresentam patologias como hipertensão, diabetes, insuficiência renal, insuficiência cardíaca ou câncer", destacou Véran.

O governo francês acabou cedendo às críticas de um coletivo nacional de associações de obesos (CNAO) que havia denunciado, no início da semana, a grande quantidade de vacinas disponíveis em centros de imunização espalhados pelo país por falta de pessoas inscritas da faixa etária prioritária. Obesos com mais de 55 anos de idade já estavam nesse grupo com acesso autorizado à vacinação. 

Desde que a França acelerou a campanha, no fim de março, surgiram vários sites e aplicativos para ajudar os franceses a localizar os locais onde há doses disponíveis. Na quarta-feira (28), a imprensa mostrou que havia 275 mil horários não preenchidos. Diferentemente do Brasil, na França é preciso marcar um horário pela internet ou por telefone para receber o precioso soro contra a Covid-19. 

De uma região para outra, a situação dos estoques pode variar muito, dependendo da taxa de circulação do vírus, da densidade populacional e do número de lotes distribuídos pelo Ministério da Saúde. Mas há locais em que sobram vacinas, e associações de obesos alertam há meses sobre o risco adicional que essa doença representa nesta pandemia. 

Segundo o coletivo CNAO, 47% das pessoas hospitalizadas nas UTIs francesas com a Covid-19 sofrem de obesidade ou sobrepeso. Esse perfil de paciente também representa 40% das mortes causadas pelo coronavírus desde o início da epidemia. A obsesidade geralmente vem acompanhada de comorbidades, como diabetes e hipertensão arterial, o que torna essas pessoas mais vulneráveis à forma grave da infecção pulmonar.   

Para saber se uma pessoa está obesa, é preciso calcular o índice de massa corporal (IMC) e o resultado ser superior a 30. O cálculo do IMC deve ser feito usando a seguinte fórmula matemática: peso ÷ (altura x altura).

Sem abertura massiva de vacinação

O ministro da Saúde declarou, por outro lado, que não haverá abertura massiva de vacinação a toda a população: "Não faremos o desserviço de transformar os centros de vacinação em locais de aglomeração", assegurou Olivier Véran. "Estamos mais uma vez acelerando ao máximo que podemos, de acordo com as doses que nos são entregues e as boas notícias vão continuar a chegar, semana após semana", concluiu o ministro. 

Cerca de 15 milhões de franceses receberam até agora pelo menos uma dose da injeção contra a Covid-19 (22% da população adulta) e 6,2 milhões as duas doses (9,2% da população total). O governo prometeu vacinar 20 milhões de pessoas até meados de maio, 30 milhões até 15 de junho e 53 milhões até o fim do verão europeu, em setembro. Essas metas são para a primeira dose das vacinas.

Segundo um estudo matemático de modelagem da epidemia do Instituto Pasteur, sem as crianças, seria necessário vacinar 90% dos adultos na França para o país ter garantias de um retorno à vida normal em outubro, levando em consideração a circulação de variantes mais contagiosas do coronavírus.