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Covid-19: imprensa destaca apoio dos EUA à suspensão de patentes de vacinas

06/05/2021 08h08

A administração Biden anunciou apoiar a suspensão das patentes de vacinas contra a Covid-19, alinhando-se com esforços internacionais para estimular a produção diante da dificuldade de acesso ao medicamento em países em desenvolvimento, explica o New York Times desta quinta-feira (6).

A administração Biden anunciou apoiar a suspensão das patentes de vacinas contra a Covid-19, alinhando-se com esforços internacionais para estimular a produção diante da dificuldade de acesso ao medicamento em países em desenvolvimento, explica o New York Times desta quinta-feira (6).

"É uma crise sanitária mundial e as circunstâncias extraordinárias da pandemia da Covid-19 pedem medidas extraordinárias", disse a representante americana do Comércio, Katherine Tai, citada pelo jornal Libération. Ela acrescentou que Washington trabalha ativamente nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) para permitir a suspensão das patentes.

Para o jornal econômico francês Les Echos, trata-se de "uma urgência mundial". Já o diário Le Figaro explica que, por enquanto, as patentes são essencialmente propriedades de laboratórios americanos que são contrários à suspensão. Isso os privaria, segundo as empresas, de ter uma reserva financeira para inovações de alto custo. 

Até o momento, a Johnson & Johnson, a Pfizer e a Moderna não reagiram ao anúncio do governo americano, destaca o Le Figaro

Indústria é contra

Já a Federação Internacional da Indústria Farmacêutica (IFPMA), qualificou a iniciativa como "decepcionante". 

 "Concordamos totalmente com o objetivo de fazer com que as vacinas contra a Covid-19 sejam distribuídas de forma rápida e equilibrada em todo o mundo. Mas como dissemos consistentemente, a suspensão é a resposta simples, mas errada, para um problema complexo", afirmou o grupo farmacêutico em comunicado.

"A suspensão de patentes não aumentará a produção ou fornecerá as soluções práticas de que precisamos para combater esta crise de saúde global", insistiu o órgão. Os países ricos acumularam as doses disponíveis, o que impede uma distribuição justa e ética, argumentam os grandes grupos farmacêuticos, explica a Federação. 

Os lucros acumulados pelas indústrias produtoras das vacinas é um outro reflexo da desigualdade de acesso ao medicamento. A Pfizer e a sócia alemã BioNTech estão acelerando a produção de vacinas e estimam lucros de US$ 26 bilhões com o medicamento, bem mais que os US$15 milhões estimados em fevereiro. 

O laboratório britânico AstraZeneca anunciou no mês passado que o lucro líquido em 2020 mais que dobrou em relação ao ano anterior, situando-se em US$ 3,2 bilhões. As vendas também aumentaram fortemente, em 9%, alcançando US$ 26,6 bilhões.

Paralelamente, informa Libération, o G7 se compromete a apoiar financeiramente o sistema de compartilhamento das vacinas Covax, para "um envio rápido e igualitário" de doses. Reunidos na quarta-feira (5) em Londres, os países ricos do grupo discutiram medidas de aumentar a ajuda aos estados mais carentes, sem, no entanto, especificar o montante da ajuda.