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Congressista republicana critica Trump e é banida do partido

Congressista republicana critica Trump e é banida do partido - Reprodução / Internet
Congressista republicana critica Trump e é banida do partido Imagem: Reprodução / Internet

12/05/2021 17h46

Os republicanos da Câmara dos Representantes votaram nesta quarta-feira (12) a favor do afastamento da cúpula do partido de Liz Cheney, crítica ferrenha de Donald Trump. A decisão mostra que a legenda ainda alimenta sua afinidade com o ex-presidente.

A 18 meses das eleições de meio de mandato (as "midterms") e ainda a três anos para a próxima corrida pela Casa Branca, o Partido Republicano puniu uma de suas correligionárias, que se nega a aderir à afirmação de Trump, sem qualquer evidência, de que os democratas cometeram fraude na disputa presidencial de 2020.

Conservadora do estado do Wyoming e filha do ex-vice-presidente Dick Cheney (na gestão de George W. Bush), Liz perdeu seu posto como número três do partido na Câmara. "Vou fazer o que estiver ao meu alcance para garantir que o ex-presidente não volte nunca mais (ao poder)", disse ela à imprensa, no Congresso, após a decisão.

Os republicanos alegaram estar agindo em favor da unidade do partido e que as críticas de Cheney a Trump e ao que ela considera um "culto de personalidade perigoso e antidemocrático" nada fizeram para unir uma sigla fraturada após a última eleição presidencial.

Trump - que está afastado das redes sociais - reagiu rapidamente, afirmando que Liz é um ser humano "amargo e horrível". "Ela é uma belicista, cuja família nos empurrou estupidamente para as desastrosas guerras sem fim no Oriente Médio, afundando nossos recursos e esgotando nossas Forças Armadas", disse o ex-presidente, acrescentando, em tom de ironia, que espera vê-la em breve como comentarista de emissoras como a rede CNN.

"Desmoronamento da democracia"

Na terça-feira (11), Liz Cheney fez um discurso desafiador na Câmara dos Representantes, alertando seus correligionários sobre a possibilidade de um "desmoronamento" da democracia, já que o ex-presidente continua enganando milhões de americanos e semeando dúvidas sobre a integridade das eleições. "Ficar em silêncio e ignorar a mentira encoraja o mentiroso", disse Liz, em uma sala quase vazia. "Não vou ficar sentada em silêncio, enquanto outros levam nosso partido por um caminho que abandona o Estado de Direito e se junta à cruzada do ex-presidente para minar nossa democracia."

O líder da minoria republicana da Câmara, Kevin McCarthy, e seu número 2, Steve Scalise, endossaram o nome de Elise Stefanik, uma jovem moderada que apoia Trump, como substituta de Liz Cheney.

Partido pode avançar sem o trumpismo ?

Com as divisões republicanas em pauta, o presidente americano, Joe Biden, reuniu-se na Casa Branca com os quatro líderes do Congresso: a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e os líderes das minorias republicanas, Kevin McCarthy e o senador Mitch McConnell.

Biden expressou disposição a negociar com McCarthy e outros republicanos sobre temas-chave, como a grande proposta de infraestrutura da Casa Branca. "A conclusão aqui é que veremos se podemos chegar a um consenso envolvendo um compromisso", disse o presidente.

O Partido Republicano, no entanto, permaneceu absorvido pelo tema Liz Cheney. A votação para um novo posto ainda não foi marcada, já que alguns republicanos temem que Stefanik, embora seja uma forte apoiadora de Trump, não seja conservadora o suficiente.

Independentemente da substituição de Cheney, "está claro que precisamos fazer uma mudança", disse McCarthy aos membros na segunda-feira. Embora Liz Cheney e alguns aliados, como o representante Adam Kinzinger, alertem para o perigo de cerrar fileiras com o ex-presidente, muitos no Partido Republicano, incluindo o poderoso senador Lindsey Graham, acreditam que a legenda não pode avançar sem o trumpismo, independentemente de onde Trump esteja.

Liz Cheney "tem sido uma conservadora sólida" no Congresso, declarou Graham após a votação. "Mas na minha opinião, adotou uma posição em relação ao ex-presidente que está fora da corrente principal do Partido Republicano."

Muitos republicanos perderam a confiança em Liz pelo que perceberam como ataques inúteis a Trump. "No fim, tornou-se uma grande distração", resumiu o deputado republicano Byron Donalds.

Os democratas aproveitam a crise republicana para afirmar que os rivais apoiam um modelo autocrático. "Quando você perpetua ou tolera mentiras sobre as eleições como essa, promove uma erosão em nossa democracia", disse Chuck Schumer.

(Com informações da AFP)