De olho nas eleições de 2022, Doria quer ser "antídoto contra Bolsonaro", diz jornal francês
O jornal francês La Croix desta terça-feira (18) traz uma matéria de sua correspondente no Brasil sobre João Doria, com a manchete "O governador de São Paulo posa como antídoto a Jair Bolsonaro". "Ex-apoiador do presidente brasileiro, o governador agora é seu principal rival à direita, na perspectiva das eleições presidenciais de 2022, em um Brasil devastado pelo coronavírus", afirma a matéria.
O jornal francês La Croix desta terça-feira (18) traz uma matéria de sua correspondente no Brasil sobre João Doria, com a manchete "O governador de São Paulo posa como antídoto a Jair Bolsonaro". "Ex-apoiador do presidente brasileiro, o governador agora é seu principal rival à direita, na perspectiva das eleições presidenciais de 2022, em um Brasil devastado pelo coronavírus", afirma a matéria.
Segundo La Croix, diante de um trágico cenário que já tirou a vida de quase 440 mil pessoas, Doria quer sobretudo se diferenciar de Bolsonaro, que continua menosprezando medidas básicas de proteção contra a doença, como o uso de máscara. No entanto, o governador de São Paulo não é um grande defensor de uma forte política sanitária e suas medidas contra a epidemia estão longe de agradar os paulistas de forma unânime.
A matéria destaca que neste estado, que é o mais rico do Brasil e onde mais de 104 mil pessoas morreram de Covid-19, o comércio e os locais de culto religioso reabriram no último 18 de abril por decisão de Doria. Embora os médicos apontassem que a reabertura seria precoce, o governador, de orientação liberal, resolveu deixar os critérios sanitários de lado para "responder à pressão dos comerciantes", afirma a matéria.
Mas, segundo o jornal, o ambicioso Doria consegue se diferenciar de Bolsonaro na guerra que trava contra o presidente brasileiro sobre as vacinas anticovid. Desde o ano passado, o governador de São Paulo se mostra como um fervoroso defensor do imunizante chinês CoronaVac, desenvolvido em parceria com o instituto Butantã, e que permitiu que o Brasil começasse a vacinar a população no final de janeiro. Desta forma, afirma La Croix, Doria venceu uma batalha midiática, enquanto o presidente menospreza publicamente a imensa quantidade de vítimas da doença no Brasil, que chegou a ultrapassar quatro mil óbitos por dia em abril.
Paixão pelo poder
Entrevistado pelo La Croix, o cientista político Eduardo Viveiros de Freitas afirma que Bolsonaro "vira as costas à catástrofe que vive o país, quando prefeitos e governadores lidam diariamente com essa realidade". Para o jornal, Doria, que divide com o presidente brasileiro uma inegável paixão pelo poder, sabe disso e se aproveita desta situação. Não é à toa que o governador de São Paulo se mostra como um outsider e flerta com a extrema direita, avalia.
Essa ambição de Doria irrita cada vez mais Bolsonaro, que pretende se reeleger em 2022. Segundo o cientista político Humberto Dantas, ouvido pelo jornal, a principal diferença entre os dois é que o governador de São Paulo é um "equilibrista". "Doria deixa um pé nos dados científicos da pandemia, mas o outro em sua carreira política", diz o especialista.
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