Pane em números de emergência na França pode ter levado à morte de quatro pessoas

A operadora telefônica francesa Orange anunciou hoje ter lançado uma investigação "aprofundada" para identificar os problemas que geraram a pane de números de emergência em toda a França. O incidente, inédito, pode ter levado à morte de pelo menos quatro pessoas, entre elas um bebê, de acordo com um balanço provisório.
Segundo um comunicado do grupo, a investigação permitirá esclarecer o incidente e elencar recomendações para evitar que ele se reproduza. As conclusões devem ser anunciadas dentro de sete dias.
Na última quarta-feira (2), durante sete horas, a partir das 16h45 no horário local, os números franceses da polícia, dos bombeiros e do SAMU, que atende emergências médicas, ficaram praticamente inacessíveis em toda a França, obrigando as pessoas a ligar inúmeras vezes para obter atendimento ou a usar linhas diretas criadas com urgência pelas autoridades.
Equipamentos de seis locais diferentes entraram em pane ao mesmo tempo, explicou o CEO da Orange, Stéphane Richard. "Isso nunca aconteceu, é de fato grave e raro", declarou. A operadora se desculpou ontem pelo incidente.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, criticou "problemas graves e inaceitáveis" e anunciou que pelo menos três pessoas — um morador da Bretanha e dois da Ilha da Reunião — morreram de infarto. No início da noite, a secretaria de Segurança Pública da região da Vendée, no oeste da França, anunciou a morte de uma criança de 2 anos e 4 meses, que teria ocorrido por falta de atendimento provocada pela pane.
A Promotoria de Vannes, na região do Morbihan, na Bretanha, também abriu uma investigação após a morte de um homem de 63 anos no Pronto-Socorro de Vannes. "Estamos à disposição das instituições que realizam esse tipo de investigação", disse Richard, à rádio RTL. "Vamos colaborar independentemente do resultado", assegurou.
O inquérito deverá determinar se as mortes estão relacionadas às panes. "O que sabemos é que as pessoas declararam que tentaram ligar diversas vezes e não conseguiram falar com os operadores", disse Darmanin, em visita a um hospital na Tunísia.
Ataque cibernético
O CEO da operadora descartou a hipótese de um ataque cibernético. A hipótese mais provável é a de uma falha nos programas que gerenciam a rede telefônica, declarou. Inicialmente, a Orange atribuiu o incidente a um defeito no roteador, equipamento encarregado do fluxo das comunicações. De acordo com o Ministério do Interior, a situação melhorou durante o dia e os números alternativos de emergência ainda estão funcionando nesta manhã.
Uma nova reunião de crise foi agendada hoje, com a participação do primeiro-ministro francês, Jean Castex. "Ainda é cedo para tirar conclusões, mas é claro que estamos preocupados", disse ontem o presidente francês, Emmanuel Macron. O governo abriu uma auditoria e lembrou que a Orange "tem uma obrigação de resultados" para assegurar o acesso aos números de emergência.
Na quinta-feira passada, a Assembleia Nacional havia adotado em primeira leitura uma proposta de lei que visa instaurar um número único, como o "911" nos Estados Unidos. O texto agora deve passar pelo Senado.
(Com informações da AFP)
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