Saída de militares franceses do Mali deve gerar mais violência e avanço de grupos jihadistas
Depois de sete anos de luta contra grupos jihadistas no oeste da África, a França anunciou nessa quinta-feira (10) a retirada de suas forças militares do Mali. A imprensa francesa desta sexta-feira (11) analisa os motivos e aponta os riscos dessa decisão.
"Macron neutraliza a Operação Barkahane", ironiza Libération. Barkahane é o nome da mais importante missão do exército francês no exterior, formada por 5,1 mil soldados que lutam contra grupos jihadistas no Mali desde 2014. O diário lembra que o atual presidente francês herdou, ao chegar ao poder em 2017, "essa guerra cara e impossível de ganhar".
Desde que a França começou a atuar no oeste africano, a insurreição jihadista não parou de crescer na região do Sahel, informa a reportagem. O governo do Mali nunca conseguiu controlar de novo o norte do país e os grupos jihadistas ganharam terreno nos países vizinhos do Níger e Burkina Faso.
Plano de retirada secreto
Há um ano o Palácio do Eliseu havia pedido ao Estado-Maior das Forças Armadas para preparar secretamente um plano de retirada, revela Libération. Macron anunciou finalmente nessa quinta-feira a saída progressiva dos militares franceses do país. O anúncio aconteceu duas semanas após o segundo golpe de Estado no Mali e da suspensão da cooperação militar bilateral entre os dois países, decidida por Paris.
Alguns militares continuarão ainda durante muito tempo no Mali "para ajudar os exércitos dos países da região a formar uma aliança internacional de forças especiais concentrada na luta contra o terrorismo", garantiu Macron.
Longa lista de críticas
A lista de críticas da França ao Mali é grande, aponta Le Figaro. Além do golpe de Estado que reinstalou no poder o coronel Assimi Goïta, no final de maio, Paris é contra qualquer negociação com os grupos terroristas, antecipada pelo novo governo, e estima que a Comunidade dos Estados da Africa do Oeste (CEDEAO) cometeu um erro ao reconhecer o coronel Goîta, enumera o jornal conservador.
Le Monde destaca os riscos e perigos do fim da operação "Barkahane" no oeste africano. A decisão de Macron acontece a menos de um ano da eleição presidencial francesa e em clima de desconfiança da opinião pública francesa sobre a mobilização dos militares no Mali.
A situação no terreno é muito incerta e a insegurança e a violência devem aumentar com a retirada. O presidente francês conta com o reforço da presença europeia no oeste africano para atenuar o "risco de um sentimento de abandono do Mali e de um vazio político diante dos Russos e Chineses", que multiplicam suas ações na Africa, escreve o vespertino.
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