Uma semana após eleição, Peru continua sem saber quem será seu novo presidente
O Peru completou uma semana neste domingo (13) sem saber quem será seu novo presidente. O candidato de esquerda Pedro Castillo mantém uma ligeira vantagem na lenta contagem, mas a candidata de direita Keiko Fujimori insiste em denunciar uma "fraude" no pleito.
Castillo lidera por 49.000 votos, após a contagem de 99,93% das mesas de votação. A Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) considerou o pleito sem "irregularidades graves" no país, que teve três presidentes em 2020.
Fujimori mobiliza seus seguidores para que denunciem nas ruas as "fraudes" e "fatos gravíssimos" na votação e na apuração. Castillo, por sua vez, se considera vencedor e pediu aos partidários, na noite de sábado (12), "paciência" e "serenidade". Ele também pediu "para não cair na provocação, já que estamos em um momento crítico."
O Júri Eleitoral Nacional (JNE), que analisa a contagem do órgão eleitoral (ONPE) e proclama o vencedor, está sob pressão de apoiadores de ambos os candidatos, que se manifestam diariamente diante de sua sede, no centro de Lima. O órgão ainda não decidiu sobre os pedidos de contestação de milhares de votos e centenas de atas das assembleias de voto.
"Keiko pode ainda diminuir a diferença, mas é muito difícil alcançá-lo. O resultado pode mudar, não é impossível, mas está cada vez mais difícil", disse a cientista política Jessica Smith. "No caso de Keiko reverter o resultado, quem vai acusar de fraude são os partidários de Castillo", disse.
O analista Hugo Otero afirma que Fujimori, diante do que parece ser uma vitória iminente de Castillo, tenta lançar dúvidas sobre a legitimidade do processo eleitoral. "É a maneira de livrar-se do fracasso, da queda", disse o ex-assessor do ex-presidente Alan García.
Odebrecht
Na noite de sábado, Fujimori participou de uma manifestação colorida e barulhenta com milhares de seguidores na Plaza Grau, em Lima, onde repetiu suas alegações de fraude. "Estamos aqui para respeitar o nosso voto, para que a ata seja analisada. Queremos uma eleição transparente", disse a candidata de 46 anos, que terá de ir a julgamento por suposta lavagem de dinheiro se perder a eleição.
Um promotor pediu sua prisão preventiva na quinta-feira (10), por supostamente violar as regras de sua liberdade condicional pelo caso de contribuições ilegais da Odebrecht. O pedido do promotor, que será decidido por um juiz em 21 de junho, aumentou a tensão em meio à lentidão da contagem, em um país atolado em convulsões políticas por um período de cinco anos.
Toda a tensão gerada após a votação se soma aos danos causados pela pandemia, que deixa 188.000 vítimas fatais no país com a maior taxa de mortalidade por Covid-19 do mundo.
(Com informações da AFP)
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