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França multa Ikea em US$ 1,2 milhão por espionar funcionários

15/06/2021 15h16

A filial francesa da Ikea foi multada em € 1 milhão (US$ 1,2 milhão), nesta terça-feira (15), por ter espionado centenas de funcionários entre 2009 e 2012. Um de seus ex-diretores-gerais também foi multado pelo mesmo motivo, além de ter sido condenado a pena de prisão com direito a sursis. As condenações foram inferiores às pedidas pela promotoria e decepcionaram sindicalistas.

O tribunal penal de Versalhes declarou a filial da Ikea e seu ex-diretor, Jean Louis Baillot, culpados por roubarem dados pessoais por meios fraudulentos. As penas foram menores do que as pedidas pela promotoria e decepcionou parte dos funcionários.

Eles foram acusados por "espionagem em massa" e o Ministério Público havia pedido uma multa de € 2 milhões e uma sentença de prisão firme para Baillot, ex-presidente e diretor-geral da empresa entre 1996 e 2002.

Entrevistado pelo jornal Le Monde, o advogado dos sindicatos da região de Rhône, no sudeste francês, Alexis Perrin, critica a sentença. "O valor das multas não vai levar Ikea e outras empresas a mudarem de comportamento", acredita. Ele lembra que a filial francesa previu milhões de euros para pagar as multas desse "primeiro processo francês sobre a coleta de dados".

Já Adel Amara, ex-delegado do sindicato Force Ouvirère (FO) de Franconville, também citado pelo Le Monde, acha que essas condenações "mostram que os patrões não podem fazer o que querem na França". A maioria dos funcionários que entrou na Justiça receberá indenizações que vão de € 1 mil a € 10 mil.

Ex-diretor nega acusações

Ao longo do julgamento, realizado durante duas semanas em março deste ano, Baillot negou ter ordenado a espionagem de funcionários. Nesta terça-feira, ele foi condenado a dois anos de prisão com direito a sursis e a uma multa de € 50 mil. O ex-CEO foi absolvido de diversas acusações, entre essas, violação de sigilo profissional.

Seu sucessor, Stefan Vanoverbeke, ex-presidente e diretor-geral da Ikea France de 2010 a 2015, foi absolvido, seguindo a indicação da promotoria, por falta "material de provas" contra ele.

O escândalo foi revelado pela imprensa e investigado em 2012, expondo um sistema de vigilância dos funcionários e mesmo de clientes. A coleta de dados ia dos antecedentes criminais até o estilo de vida, passando pela avaliação do patrimônio.

Além da Ikea França, 15 pessoas foram ouvidas pela corte para relatar sua versão dos acontecimentos, como ex-diretores, gerentes de loja, policiais e o diretor de uma empresa de investigação particular.

Espionagem começou no início dos anos 2000

Os réus compareceram à Justiça por atos cometidos entre 2009 e 2012, mas as práticas ilegais começaram no início dos anos 2000, de acordo com o promotor. A acusação lamentou que apenas três anos tenham sido levados em conta nesse processo. Os outros anos foram abandonados por uma questão de prescrição.

No centro do "sistema" de vigilância estava o diretor de segurança da filial francesa da multinacional sueca de móveis de 2002 a 2012, Jean-François Paris. Ele reconheceu que havia um "controle em massa" dos funcionários e foi condenado a 18 meses de prisão com direito a sursis e a uma multa de € 10 mil.

(Com AFP e Le Monde)