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Novas tensões acendem alerta vermelho na fronteira entre Gaza e Israel

18/06/2021 12h35

De um lado, os balões incendiários lançados do território palestino em direção a Israel. De outro, os alvos palestinos bombardeados com violência pela força aérea israelense em Gaza. Além da perigosa escalada de tensões, este é também um teste para o novo governo israelense, como relata o correspondente da RFI em Jerusalém.

Michel Paul, correspondente da RFI em Jerusalém

Para os residentes dos kibutz e vilarejos israelenses próximos à fronteira com a Faixa de Gaza, a sensação de déjà vu é muito forte. Mais uma vez, a visão se turva com balões incendiários palestinos e o cheiro dos campos queimados.

Na quinta-feira (17) à noite, as sirenes dos abrigos até soaram novamente, mas se tratava de um falso alarme, eram "apenas" tiros de metralhadora vindos de Gaza.

Uma questão de tempo antes que os foguetes voltem a atacar

É apenas uma questão de tempo até a volta dos foguetes, afirmam os dirigentes das instituições locais israelenses, que exigem que o novo governo dê mostras de firmeza.

A mídia em Israel cita fontes próximas ao Hamas afirmando que o lançamento de balões incendiários foi uma legítima "ação popular", e não deve ser visto como uma violação do cessar-fogo - um ponto de vista rejeitado pelas autoridades militares em Israel.

Trégua mais frágil do que nunca

O novo primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, enfatizou no passado que Israel reagiria da mesma forma a um balão incendiário ou um foguete em Tel Aviv. Uma nova equação é posta à prova esta semana.

Por duas vezes, Bennett ordenou pessoalmente ataques aéreos na Faixa de Gaza. A trégua na região, ao que parece, está mais frágil do que nunca.

Israel contra-ataca com foguetes

Pela segunda vez nesta semana, o exército israelense bombardeou a Faixa de Gaza, após os lançamentos de balões incendiários visando Israel. Estes são os últimos atos de violência desde a trégua acordada em 21 de maio, que encerrou mais de 10 dias de intensos combates. E os primeiros sob o novo governo israelense, chefiado por Naftali Bennett, cuja coalizão heterogênea acabou de substituir o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

A operação dos aviões de guerra israelenses foi dirigida contra os complexos militares do Hamas e locais de lançamento de foguetes, segundo fontes israelenses.

O exército afirmou que os pontos atacados estavam localizados na cidade de Gaza e no sul do enclave, que está sob bloqueio israelense há quase 15 anos. Os bombardeios atingiram três centros de treinamento das Brigadas Ezedin Al Kasem, o braço armado do Hamas, que de fato controla o enclave desde 2007.

Esses três dias de hostilidades entre Israel e as milícias de Gaza foram os primeiros desde que a trégua "mútua, simultânea e incondicional" entrou em vigor, encerrando uma escalada de guerra que matou 260 palestinos, incluindo crianças e adolescentes, e 13 pessoas em Israel, incluindo uma criança, um adolescente e um soldado.

As forças armadas israelenses "continuarão a atacar alvos militares e infraestrutura pertencentes à organização terrorista, e responsabilizarão o Hamas por todos os eventos que ocorrerem na Faixa de Gaza", disse o exército de Israel em um comunicado.

O general Aviv Kohavi, chefe do exército israelense, pediu a seu Estado-Maior que aumente a preparação para vários cenários, incluindo "a retomada das hostilidades".

Kohavi viajará para os Estados Unidos no sábado (19), onde terá uma série de reuniões durante seis dias para discutir "desafios comuns de segurança", segundo o comunicado.

(Com AFP)