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Tradição, a prova de filosofia do Bac, o "Enem francês", é a única mantida apesar da pandemia

18/06/2021 17h57

A França realizou nesta quinta-feira (17) o Baccalauréat, avaliação feita pelos alunos do ensino médio, o equivalente ao Enem no Brasil. Por causa da pandemia, o tradicional ritual teve que ser adaptado e apenas a prova de filosofia foi mantida para todos os estudantes.

As notas do Baccalauréat, mais conhecido como "Bac", são levadas em conta para o processo de entrada nas universidades francesas. Este ano, mais de 500 mil alunos estiveram aptos para passar o teste, que tradicionalmente avalia os conhecimentos em diversas disciplinas, de matemática a história, passando por francês e geografia.

Mas nesta edição, em razão de uma reforma do sistema de avaliações, mas principalmente por causa da pandemia, as autoridades franceses decidiram reduzir o número de avaliações e, entre os testes escritos, apenas a prova de filosofia foi mantida. Uma prova oral, realizada na segunda-feira (21), completa o programa, além de provas de francês apenas para uma parte dos alunos.

Outra mudança deste ano é que os resultados da prova de filosofia vão ter menos peso. Pois o governo decidiu que, nesta edição atípica, 82% da nota seria gerada pela média das avaliações durante o ano escolar e que a prova de filosofia e o teste oral representariam apenas 18%.

Conhecida como "a prova rainha", a dissertação de filosofia, que faz parte Bac desde que a avaliação foi criada por Napoleão Bonaparte, em 1809, é considerada a etapa mais tradicional da maratona de testes que, normalmente, dura vários dias. Os participantes têm quatro horas para escrever sobre um dos temas propostos, que muitas vezes ecoam com a atualidade.

Este ano, um dos temas era "Nós somos responsáveis pelo futuro?", enquanto outro questionava se "Dialogar é renunciar à violência?".

Os alunos tinham que ficar na sala de aula durante uma hora, no mínimo. E, para que o ritual fosse levado à sério em razão das regras excepcionais deste ano, nenhum candidato podia entregar uma prova em branco. Muitos se contentaram em permanecer durante os 60 minutos protocolares, enquanto outros se esmeraram nesse momento de reflexão, visto pelos franceses como um "exercício do espírito crítico".  

Ao contrário do Brasil, onde o investimento nos programas de algumas matérias de ciências humanas, entre elas a filosofia, chegou a ser contestado, na França a população preza pelo "Bac de Philo". "Me parecia indispensável que cada um fosse até o fim e que esse ritual importante do Bac seja mantido quando mais tempo possível", disse o ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer, pouco antes do início da prova.