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Acusado de assédio sexual, governador de Nova York diz que nunca tocou ninguém "de forma inadequada"

03/08/2021 17h16

O governador do estado de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, rejeitou nesta terça-feira (3) as acusações de assédio sexual feitas por 11 mulheres, incluindo algumas funcionárias. Mais cedo, uma investigação independente apontou que o influente político instituiu uma cultura de medo em sua administração. 

"Antes de tudo, quero que saibam diretamente por mim que nunca toquei ninguém de forma inadequada ou fiz avanços sexuais inadequados", declarou o governador de Nova York em um discurso transmitido pela televisão. "Tenho 63 anos. Vivi toda a minha vida adulta publicamente. Isso não é quem eu sou. E isso não é quem eu tenho sido", disse ele, acrescentando que postou uma resposta às denúncias em seu site na internet.

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Cuomo veio a público depois da divulgação de um relatório explosivo do gabinete da procuradora-geral de Nova York, que levou a pedidos imediatos de renúncia. Em março, quando o escândalo veio à tona, ele já havia se recusado a entregar o cargo.

Célebre figura política e na liderança do estado de Nova York desde 2010, o democrata tornou-se popular devido à sua elogiada gestão da pandemia de Covid-19. Ele alega que tem o hábito de beijar e tocar as pessoas como um gesto de cordialidade e amizade. Segundo ele, muitas vezes esses atos ocorreram em público.

"Me viram fazer isso na TV durante todas as minhas coletivas de imprensa e por 40 anos antes disso", disse ele. "Tento fazer as pessoas se sentirem confortáveis. Tento fazê-las sorrir. Tento me conectar com elas e tento mostrar-lhes meu apreço e minha amizade. Agora eu entendo que existem perspectivas geracionais ou culturais que, francamente, eu não tinha valorizado totalmente. E eu aprendi com isso", reiterou. 

Ambiente de trabalho hostil às mulheres

Ao apresentar as conclusões de uma investigação independente sobre Cuomo, a procuradora-geral do Estado de Nova York, Letitia James, disse que ele "assediou sexualmente várias mulheres", entre elas, oito trabalhadoras atuais e ex-funcionárias. Segundo elas, o governador de Nova York teria praticando "toques não desejados e não consentidos", além de ter feito "vários comentários de natureza sexual sugestiva que geraram um ambiente de trabalho hostil para as mulheres". 

"O relatório fala por ele mesmo", argumentou James. Ela também indicou que os investigadores descobriram que Cuomo e sua equipe tomaram medidas de represália contra ao menos uma ex-funcionária por denunciar sua experiência. Uma das mulheres que denunciou o governador de Nova York afirmou que, ao trabalhar em sua equipe, Cuomo colocou a mão debaixo de sua blusa. Segundo a procuradora, as provas serão publicadas junto com o relatório.

"Há 11 mulheres que fazem as denúncias cujas alegações estão expostas de maneira muito detalhada no relatório. Nove delas são empregadas ou foram empregadas pelo Estado de Nova York ou uma entidade afiliada ao Estado", explicou um dos responsáveis pela enquete, Joon Kim. "Era um ambiente de trabalho onde ninguém podia dizer não ao governador", completou.  

Cuomo foi interrogado durante várias horas no último 17 de julho. Durante a audiência filmada em seu escritório, o democrata negou ou relativizou as acusações. Também disse que pediu ajuda a um especialista para determinar novas regras e procedimentos em matéria de luta contra o assédio sexual em sua administração. 

Pressão por renúncia

Embora durante seu discurso desta terça-feira o democrata não tenha mencionado a possibilidade de renunciar, vários de seus colegas democratas em Nova York e no Congresso americano pedem que ele entregue o cargo. 

"Ele tem que pedir demissão", defendeu o prefeito de Nova York, Bill de Blasio. "Se ele continuar resistindo e atacando os investigadores que apenas fizeram seu trabalho, ele deve ser indiciado imediatamente", reiterou. 

Em março, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que se as acusações contra Cuomo fossem comprovadas, ele deveria se demitir.

(Com informações da AFP)

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