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Vacinação contra a Covid: EUA apostam em influenciadores para convencer jovens

03/08/2021 07h12

Com cerca da metade da população totalmente vacinada e imunizantes amplamente disponíveis e gratuitos para maiores de 12 anos, os Estados Unidos chegaram a um impasse. O país vive um aumento de casos da Covid-19, enquanto uma parcela importante dos jovens ainda não quis se vacinar. Diante do avanço da variante Delta, a Casa Branca resolveu adotar uma nova estratégia para levar a Geração Z aos postos de vacinação.

Por Luiza Duarte, correspondente da RFI em Nova York

Devido ao aumento no número de casos da Covid-19 nos Estados Unidos e diante da preocupação com o alto índice de contágio da variante Delta, o governo do presidente Joe Biden lançou mão de uma nova campanha de comunicação. O objetivo é convencer adolescentes e jovens adultos a se vacinarem. Para isso, a Casa Branca mobilizou dezenas de influenciadores digitais com grande número de seguidores no TikTok, no YouTube e em outras plataformas.

A cantora americana Olivia Rodrigo é uma das participantes. No mês passado, ela esteve na sede do governo americano não para falar de seu universo artístico, mas para falar de pandemia. A jovem de 18 anos conversou com Biden sobre o coronavírus e postou uma foto no Instagram ao lado presidente americano defendendo a importância de tomar a vacina contra a Covid-19 para seus mais de 15 milhões de seguidores.

Olivia aparece também em vídeos postados na conta Instagram da presidência, que tem outros 18 milhões de seguidores. Nas imagens gravadas na Casa Branca, a estrela-pop lê tuítes de fãs sobre vacinas junto com o conselheiro do governo para a crise sanitária, o médico Anthony Fauci.

Medidas contra fake news

Biden vem pressionando grandes empresas de tecnologia para que elas adotem medidas para restringir a circulação de fake news relacionadas à Covid-19. Recentemente, ele denunciou que a desinformação sobre vacinas no Facebook e em outras redes sociais está "matando pessoas". A nova campanha do governo resolveu usar essas mesmas plataformas para fazer com que a Geração Z tome o imunizante.

Ao redor do país, estados, municípios e empresas estão oferecendo os mais variados benefícios para quem vacinar: brindes, comida, passes de metrô e até dinheiro. Em Nova York, cerca de 60% da população já recebeu ao menos uma dose da vacina, mas a prefeitura avalia que o número é insuficiente. Por isso, desde sexta-feira 30, passou a oferecer para recém-vacinados um cartão de débito com carga de US$ 100, o equivalente a mais de R$ 500.

A situação atual está sendo chamada pela imprensa americana de "pandemia dos não-vacinados". Cerca de 30% dos adultos americanos ainda não receberam uma dose da vacina. A parcela de não-vacinados salta para 58% entre quem tem de 12 a 17 anos, de acordo com o Centro Americanos para a Prevenção e Controle de Doenças, CDC na sigla em inglês. São aproximadamente 93 milhões de pessoas que têm acesso a vacina, mas decidiram não tomar.

A vacinação no país avançou rapidamente no início, mas desacelerou desde abril. A distribuição de doses esbarrou em dois grupos, um que se opõem a vacina e outro que ainda não se decidiu e prefere esperar mais. Uma pesquisa da Kaiser Family Foundation divulgada em julho mostra que a maior divisão entre vacinados e não-vacinados é partidária. Democratas são muito mais propensos a aderirem à vacinação do que conservadores do partido Republicano.

O avanço da variante Delta fez a agência de saúde americana voltar atrás na recomendação e orientar mesmo pessoas vacinadas a voltarem a usar máscara, já que eles continuam sendo capazes de transmitir a doença. Pessoas que não tomaram a vacina representam hoje a maioria esmagadora dos pacientes hospitalizados com Covid-19 no país.