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Alemanha confirma motivação islâmica em ataque desmantelado contra sinagoga

16/09/2021 14h37

A polícia da Alemanha deteve nesta quinta-feira (17) um adolescente sírio de 16 anos e três pessoas próximas do jovem por suspeita de planejarem um atentado contra uma sinagoga de Hagen (oeste), em meio à festa judaica do Yom Kipur, o Dia do Perdão. O candidato conservador à sucessão da chanceler Angela Merkel, Armin Laschet, disse que o projeto abortado tinha "motivação islâmica". 

"O perigo imediato foi descartado, mas faremos tudo o que for possível para esclarecer quais redes estavam na origem desse plano", afirmou Laschet, que é ministro-presidente do estado de Renânia do Norte-Westfalia, onde Hagen está localizada. Mais cedo, o ministro do Interior do estado, Herbert Reul, havia informado não haver dúvida sobre "uma ameaça motivada pelo islamismo".

As autoridades alemãs chegaram aos suspeitos depois de receberem um alerta de um serviço de Inteligência estrangeiro. O jovem sírio teria revelado um ataque iminente em um fórum de discussões que era monitorado. 

A celebração do Yom Kipur na sinagoga de Hagen, cidade de 180.000 habitantes, foi bruscamente cancelada na noite de quarta-feira (15), data prevista para o suposto atentado. Segundo a imprensa alemã, a ação seria executada com explosivos caseiros. O Dia do Perdão, considerado um dos feriados mais importantes do judaísmo, se estende por dois dias. Este ano, a festa caiu na quarta-feira, e as rezas acontecem depois do pôr-do-sol, quando as sinagogas costumam ficar lotadas.

Ainda na noite de quarta-feira, a polícia alemã mobilizou vários homens armados e cães farejadores para vasculhar os arredores do templo religioso. Nenhuma bomba foi encontrada no local, ou nos arredores, segundo as forças de segurança. O acesso às ruas adjacentes à sinagoga foram bloqueados. Graças à investigação, foi possível identificar e deter o jovem sírio, informou a polícia.

O adolescente é um sírio que mora em Hagen, confirmou o ministro do Interior. De acordo com a imprensa alemã, ele foi detido durante a manhã na estação de trem da cidade. Os outros três suspeitos foram detidos em suas residências.

O caso acontece dois anos depois de um ataque contra uma sinagoga de Halle (leste), também durante o Yom Kipur. O autor, um extremista de direita, tentou entrar no local para abrir fogo contra os fiéis, mas não conseguiu. Antes de ser detido, porém, matou duas pessoas na rua e em um estabelecimento comercial. Ele foi condenado à prisão perpétua.

Atos antissemitas em alta

Os crimes antissemitas aumentaram nos últimos anos na Alemanha, com 2.032 casos registrados em 2019, 13% a mais que no ano anterior. O país enfrenta há alguns anos uma dupla ameaça, jihadista e de extrema direita, esta última considerada prioritária após vários ataques ou atentados frustrados. O número de crimes cometidos por extremistas de direita aumentou em 2020 e atingiu seu maior nível no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

O partido de extrema direita AfD, que conseguiu representação no Parlamento em 2017, atribui este aumento ao acolhimento no país de um milhão de refugiados sírios e iraquianos em 2015 e 2016.

Doze pessoas morreram em um ataque com um caminhão, executado no fim de 2016 por um tunisiano radicalizado em um mercado de Natal no centro de Berlim.

Com informações da AFP