Assassinato de jovem por um 'antimáscara' provoca indignação na Alemanha
O assassinato de um jovem com um tiro à queima-roupa por um opositor às restrições sanitárias provoca uma verdadeira onda de choque na Alemanha. Em plena campanha eleitoral, a classe política é a primeira a denunciar a radicalização de uma parte do movimento hostil às medidas anticovid no país. Com informações do correspondente da RFI na Alemanha, Pascal Thibault.
O crime aconteceu no último sábado (19). O cliente entrou no posto de gasolina, na região de Renânia-Palatinado (oeste), para comprar cerveja sem máscara. O jovem estudante que estava no caixa se recusou a atendê-lo enquanto ele não colocasse a proteção.
O homem de 49 deixou o local irritado. Ele voltou um pouco depois, desta vez de máscara, mas tirou a proteção para provocar uma reação do caixa. O jovem solicitou novamente que o cliente colocasse o acessório corretamente. O homem tirou então um revólver do bolso e atirou, matando o funcionário à queima-roupa.
O homem, que não tinha antecedentes criminais, se entregou à polícia no domingo (19). Ele declarou que se sentia "encurralado" pelas medidas adotadas pelo governo contra a pandemia de Covid-19 porque as considera uma "crescente violação de seus direitos" e que não viu "outra saída". Ele é natural de Idar-Oberstein (oeste) e está em detenção provisória.
Os investigadores encontraram a arma do crime no apartamento do homem, assim como outras armas de fogo e munições.
Comoção
O assassinato gerou muita comoção na Alemanha. Em plena campanha eleitoral, os candidatos à sucessão da chanceler Angela Merkel condenaram o crime. O social-democrata, Olaf Scholz, afirmou que está "em choque que alguém tenha sido morto por querer se proteger e proteger os outros". "Como sociedade, temos que nos opor com firmeza ao ódio. O autor do crime deve ser punido com severidade", acrescentou o político, apontado como favorito nas pesquisas para suceder Merkel.
A candidata ecologista Annalena Baerbock reagiu de maneira similar: "Estou chocada com o terrível crime contra um jovem que apenas pedia para alguém seguir as regras em vigor, ser prudente e mostrar-se solidário", afirmou.
Reações do governo
O ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, acusou o movimento "Querdenker" (ou "livres pensadores"), que há 18 meses faz manifestações contra as restrições sanitárias. O grupo se radicalizou como tempo e, nas redes sociais, seus integrantes comemoraram o assassinato do jovem estudante.
A polícia não indicou se o assassino faz parte do movimento, que reúne adeptos de teorias da conspiração, críticos da vacinação e partidários da extrema direita.
A ministra da Agricultura, Julia Klöckner, do partido conservador CDU de Merkel na região de Renânia-Palatinado, onde aconteceu o assassinato, chamou o crime de "impactante".
Desde sábado, moradores da região colocam flores e velas no posto de gasolina.
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