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Dezenas de crianças morreram em campos na Síria, denuncia a ONG Save The Children

23/09/2021 07h17

A ONG Save the Children denunciou, em um relatório publicado nesta quinta-feira (23), que 62 crianças morreram este ano em campos de desalojados no nordeste da Síria, onde vivem famílias de combatentes estrangeiros do grupo Estado Islâmico (EI). 

A organização descreve as condições de vida insuportáveis nos campos de Al Hol e Roj, controlados pelas forças curdas e onde vivem dezenas de milhares de pessoas desalojadas, incluindo cerca de 40.000 crianças.

Desde o início do ano, 62 crianças morreram no campo de Al Hol devido à desnutrição, doenças, problemas de saúde ou incêndios, representando uma média de duas crianças por semana, disse a ONG. Além disso, 73 pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas.

Entre os deslocados estão menores de 60 nacionalidades diferentes, afirma a Save The Children, que denuncia as recusas de países europeus, Austrália e Canadá de repatriar os filhos dos seus cidadãos que aderiram ao EI.

"É mais urgente do que nunca que governos estrangeiros com cidadãos em Al Hol e Roj assumam suas responsabilidades e repatriem seus filhos e famílias", diz a organização.

Em Al Hol, apenas 40% das crianças têm educação escolar, relata a ONG, enquanto 55% das famílias em Roj afirmam conhecer casos de crianças menores de 11 anos trabalhando.

"Governos abandonam crianças"

O relatório oferece testemunhos de algumas crianças, como Maryam, do Líbano, de 11 anos. "Não aguento mais essa vida. Tudo o que fazemos é esperar", disse a garota em maio. A  Save the Children critica o fato de a França ter 320 crianças nesses campos, mas só ter repatriado 35. O Reino Unido se responsabilizou por apenas quatro dos 60 menores britânicos no local, acrescenta.

"O que vemos aqui são governos simplesmente abandonando as crianças, que são as primeiras e principais vítimas do conflito", analisa Sonia Khush, diretora de resposta à Síria da Save the Children.

Segundo ela, 83% dos repatriamentos foram realizados pelo Uzbequistão, Kosovo, Cazaquistão e Rússia. As autoridades curdas alertaram repetidamente que não têm capacidade para sustentar todas essas famílias e pedem insistentemente o repatriamento de estrangeiros.

(Com informações da AFP)