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Greta Thunberg mobiliza protestos pelo clima às vésperas das eleições na Alemanha

24/09/2021 11h10

Dois dias antes das eleições legislativas na Alemanha, milhares de ativistas do clima, mobilizados pela ativista sueca Greta Thunberg, pressionam os candidatos com manifestações em todo país nesta sexta-feira (24) para exigir ações decisivas contra o aquecimento global.

Ao meio-dia, milhares de pessoas estavam reunidas diante do Reichstag, sede do Parlamento, com cartazes que afirmam que "a Terra está com febre" e "Trata-se do nosso futuro", além de apelos para que os alemães compareçam às urnas.

As mensagens dos manifestantes são direcionadas aos candidatos à sucessão de Angela Merkel no cargo de chanceler, após as eleições de domingo, cujo resultado é incerto. "Esta é a votação do século, no que diz respeito ao futuro do planeta", declarou Luisa Neubauer, diretora na Alemanha do movimento 'Fridays for Future' ("Sextas-Feiras para o Futuro").

Na campanha eleitoral, "os partidos políticos não deram espaço suficiente à catástrofe climática", criticou a jovem. "A grande mudança será possível apenas se pressionarmos nas ruas (...) se desafiarmos os partidos políticos a afirmar 'não há mais desculpas'", acrescentou.

Iniciado em 2018, o Sextas-Feiras para o Futuro virou uma plataforma da jovem "geração climática". Nesta jornada, o movimento celebra sua oitava "greve" em mais de 70 países, com mobilizações em 470 cidades da Alemanha. "Eu tinha aula hoje, mas fazer algo pelo nosso futuro é mais importante", afirmou Leonie Hauser, de 14 anos.

Figura emblemática do movimento, a jovem ativista sueca Greta Thunberg discursou em Berlim e acusou os partidos políticos de "não fazer o suficiente" na luta contra a mudança climática. "Sim, devemos votar e vocês devem votar. Mas não se esqueçam que apenas o voto não será suficiente. Devemos continuar saindo às ruas para exigir que nossos governantes tomem medidas concretas a favor do clima", declarou.

Resultado incerto

As pesquisas apontam uma disputa acirrada entre os social-democratas, com 25% das intenções de voto, e os conservadores (CDU/CSU), que subiram para 23% na pesquisa mais recente do instituto Civey, divulgada na quinta-feira. Com uma campanha considerada decepcionante, o Partido Verde aparece na pesquisa com 15% das intenções de voto, à frente do Partido Liberal (12%).

A candidata ecologista, Annalena Baerbock, participou nesta sexta-feira na manifestação pelo clima organizada em Colônia (oeste), e fará o último comício em Düsseldorf. O candidato dos conservadores, Armin Laschet, estará em Munique ao lado da chanceler Angela Merkel, que deixará o poder após 16 anos à frente da maior economia europeia.

Depois de permanecer à margem da campanha, no último mês Angela Merkel não poupou esforços para expressar apoio a Laschet, um político impopular que cometeu várias gafes. Merkel estará com ele neste sábado (25) no encerramento da campanha no reduto de Laschet na cidade de Aachen, perto da fronteira com a Bélgica.

O candidato social-democrata Olaf Scholz, ministro das Finanças e vice-chanceler do atual governo, visitará Colônia nesta sexta-feira e encerrará a campanha em Potsdam, onde disputa um mandato de deputado.

Grande desafio

Em seus programas eleitorais, os três candidatos destacam a questão climática como uma das grandes prioridades para os próximos quatro anos e se comprometem a lutar para limitar o aquecimento global a +1,5 C. A mudança climática é um enorme desafio para a Alemanha, quarta maior potência econômica mundial e que tem grandes indústrias poluentes.

Em plena campanha eleitoral, em meados de julho, o país foi afetado por graves inundações que deixaram mais de 180 mortes na região oeste. Especialistas afirmaram que o fenômeno está diretamente vinculado à mudança climática.

A meta da neutralidade de carbono até 2045 é uma premissa que todos os partidos políticos alemães defendem, assim como o desenvolvimento das energias renováveis. Mas os meios para alcançar os objetivos variam entre as formações. Enquanto a esquerda aposta em uma intervenção do Estado, a direita prefere uma ação mais importante do setor privado.

(Com informações da AFP)