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TikTok é acusado de permitir cyberbullying e fake news na França

24/09/2021 11h36

A imprensa francesa desta sexta-feira (24) trata da rede social preferida dos adolescentes em todo o mundo, o TikTok. Na França, a plataforma vem sendo acusada de ser conivente com cyberbullying e propagação de fake news sobre a Covid-19.

O jornal Le Parisien afirma que, todos os anos, cerca de um milhão de crianças e adolescentes são vítimas de bullying na escola ou nas redes sociais na França. Com 15 milhões de usuários franceses, o TikTok se tornou um novo espaço para agressões e ameaças online de menores. 

A mais recente campanha de assédio contra crianças e adolescentes franceses ocorre desde o início deste mês, começo do novo ano escolar no país. Os jovens usuários do TikTok propagaram rapidamente a hashtag #Anti2010. O resultado é que a volta às aulas para os nascidos em 2010, sem nenhuma lógica, se tornou um calvário em algumas escolas. Mas com a pressão das autoridades francesas, a hashtag foi finalmente apagada da rede recentemente. 

Mas não apenas o ano de nascimento pode suscitar o bullying. Em entrevista ao diário, a mãe de um adolescente de 13 anos usuário do TikTok fala que a vida do jovem se tornou um inferno, de um dia para o outro, depois que os vídeos que o garoto editava e publicava na plataforma começaram a ser inundados de comentários maldosos de seus colegas. Críticas sobre a aparência física do rapaz, sobre seus sinais na pele e até mesmo a cor de seu cabelo duraram semanas, o levaram a apagar sua conta. No entanto, o assédio que ocorria apenas na rede social continuou na escola.

Entrevistado pelo Le Parisien, Guillaume Doki-Thonon, fundador da Reech, uma empresa francesa especializada em influenciadores, explica que o grande problema é que mães, pais e educadores não utilizam o TikTok, portanto não conhecem seu modo de funcionamento e não sabem como lidar com o problema.

Por isso, várias associações contra o bullying escolar na França, vêm se organizando e exigindo que a plataforma revise suas regras para a proteção dos usuários. Eles reclamam principalmente da facilidade para a criação de uma conta, sem necessidade de nenhuma verificação de identidade e sem nenhum controle sobre os conteúdos publicados.

Fake news sobre a Covid-19

O jornal Les Echos também publica uma matéria sobre o TikTok nesta sexta-feira, mais precisamente sobre as fake news sobre a Covid-19 e as vacinas que vêm se propagando facilmente na plataforma. Em uma rápida consulta nesta rede social, a reportagem encontrou informações sobre como recuperar o gosto e o olfato perdidos, sintomas da Covid-19, comendo uma laranja queimada ou sobre casos não verídicos de pessoas que morreram depois de terem se vacinado.

O diário ressalta que o TikTok não é um caso isolado e que outras redes sociais, do Facebook ao Twitter, passando pelo YouTube, enfrentam o mesmo problema. No entanto, o risco é maior numa plataforma extremamente popular entre crianças e adolescentes. 

O TikTok garante trabalhar "sem descanso" contra as fake news e "em prol da segurança e bem-estar dos usuários", especialmente em relação a conteúdos criados sobre a pandemia. No primeiro semestre desde ano, a plataforma afirma ter apagado 30 mil vídeos com falsas informações sobre a Covid-19. Por outro lado, Les Echos alerta que raramente os usuários são advertidos quando têm seus vídeos apagados do TikTok, o que os incita a continuar publicando os conteúdos que bem entendem.