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Plebiscito na Suíça legaliza casamento, adoção e reprodução assistida para casais homossexuais

26/09/2021 08h33

Pequisas de boca de urna indicam que a Suíça disse "sim" ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, tema que foi submetido a um plebiscito neste domingo (25). Segundo o canal de TV SRG, 64% dos eleitores aprovaram a iniciativa. Os resultados oficiais da consulta serão divulgados ainda neste domingo (25).

As estimativas publicadas pelo instituto de pesquisas gfs.bern confirmam o que previam todas as sondagens anteriores, que sempre deram ampla vantagem aos defensores da união homossexual. A proposta do governo federal era rejeitada pelo partido populista de direita União Democrática do Centro (UDC), o maior do país, e alguns grupos religiosos. Porém, ao aprovar o casamento homoafetivo, a Suíça se alinha à grande maioria dos países da Europa Ocidental. 

Casais do mesmo sexo já podem registrar um pacto civil na Suíça, mas a nova legislação prevê que casais homossexuais poderão agora adotar crianças juntos. No caso das uniões de duas mulheres, elas poderão recorrer à doação de esperma, um dos pontos mais polêmicos do novo texto.

Na reta final antes da votação, os partidários do "não" promoveram várias ações e chegaram a ganhar adeptos, mas continuaram sendo uma minoria. A última pesquisa realizada pelo instituto gfs.bern entre 1º e 9 de setembro apontou 55% de preferência pelo "sim" e 27% pelo "não". A sondagem anterior, feita entre 2 e 16 de agosto, havia indicado uma diferença maior, de 55% contra 20%.

Certos grupos religiosos e membros da UDC eram os principais opositores ao projeto, mas mesmo dentro desses grupos havia simpatizantes à legalização do casamento para todos.

A Suíça descriminalizou a homossexualidade em 1942, mas várias polícias municipais ou cantonais mantinham - em alguns casos até o início da década de 1990 - registros listando homossexuais.

Cartazes de conteúdo chocante

Durante a campanha do plebiscito, os opositores tentaram dissuadir a população a aprovar essas medidas recorrendo a cartazes concebidos para chocar os eleitores. Mensagens criticavam a "mercantilização" das crianças e julgavam que "o casamento para todos mata o pai".

Um dos cartazes mostrava um bebê aos prantos, com uma etiqueta pregada na orelha, daquelas que se utiliza para marcar o gado, com a seguinte questão: "Bebês sob encomenda?". Em outro, uma enorme cabeça de zumbi, supostamente representando um pai falecido, encara pedestres nas ruas. Uma escola primária de Valais decidiu cobrir a peça publicitária porque a imagem assustava as crianças.

Tributação de renda do capital rejeitada

Por outro lado, de acordo com as estimativas do instituto gfs.bern, os eleitores suíços rejeitaram uma segunda proposta que lhes foi apresentada no domingo e lançada por iniciativa dos jovens do Partido Socialista. O tema era "O dinheiro não trabalha, você sim!", moção que foi rapidamente apelidada de iniciativa Robin Hood. O projeto previa que a renda do capital - juros e dividendos, por exemplo - fosse tributada 1,5 vez mais que a renda do trabalho. As pesquisas já indicavam a derrota desta proposição. 

Com informações da AFP