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Covid-19: Itália exige passaporte sanitário nas empresas para convencer não vacinados

15/10/2021 07h28

A obrigatoriedade do passaporte sanitário para todos os trabalhadores dos setores público e privado entra em vigor na Itália a partir desta sexta-feira (15). O objetivo da medida é estimular a campanha de vacinação no país. Três milhões de italianos ainda não estão imunizados contra a Covid-19 e podem ter o acesso ao local de trabalho recusado. 

A partir de hoje, para entrar no local de trabalho na Itália, as pessoas que optaram por não se vacinar deverão contar com um comprovante de recuperação pós-Covid-19 ou um teste negativo feito nas últimas 48 horas pago do próprio bolso. Caso contrário, o funcionário será considerado como ausente e terá um desconto no salário.

Os empregadores que evitarem o controle de seus funcionários também estão sujeitos a multas e não podem propor a atividade à distância. A decisão, que visa convencer os mais reticentes à imunização, está no foco de novas manifestações, previstas para esta sexta-feira e sábado (16)

A Itália foi o primeiro país europeu afetado pela pandemia de coronavírus, em fevereiro de 2020, e registrou, até agora, mais de 130.000 mortes. A campanha de vacinação começou em dezembro do ano passado. Mais de 80% das pessoas com mais de 12 anos estão totalmente vacinadas. A imunização já era obrigatória para os profissionais da saúde e o chamado "passaporte Covid" também está exigido dos professores.

No entanto, para o governo liderado por Mario Draghi, essas medidas não eram suficientes para garantir um nível de imunidade alto e evitar novos surtos que podem afetar a atividade econômica do país. Foi o que aconteceu em 2020 e no início de 2021.

Por isso, para incentivar a vacinação generalizada, o governo anunciou há um mês, com o apoio dos partidos da coalizão, a obrigação do passaporte sanitário para o acesso ao local de trabalho. O dispositivo foi introduzido em agosto e já é exigido em trens, museus e restaurantes, entre outros.

A medida gerou protestos violentos no último sábado (9), em Roma, onde milhares de pessoas, incluindo ativistas de extrema direita, devastaram a sede do maior sindicato do país, o CGIL, e invadiram a emergência de um hospital da capital. Alguns trabalhadores ameaçaram entrar em greve e até bloquear portos, se a medida não for revogada.

Medida divide líderes do setor

Segundo estimativa do Ministério da Função Pública, em torno de 250 mil indivíduos dos cerca de 3,2 milhões de funcionários públicos, não estão vacinados, o que equivale a 7,8% dos trabalhadores. No setor privado, este número chega a 2,2 milhões de pessoas de 14,6 milhões, o equivalente a 15%. 

Isso pode representar um desafio, a partir de 15 de outubro, para a recuperação econômica do país após o duro ano de 2020, quando o Produto Interno Bruto (PIB) da península despencou 8,9%. Em contrapartida, a campanha de vacinação permitiu manter o controle das infecções em um nível baixo e gerar uma alta da taxa de crescimento de 5,8% para este ano, de acordo com previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Luca Zaia, presidente da rica região do Vêneto, ao norte, advertiu sobre o "caos" que a implementação da medida pode causar nas empresas italianas a partir desta sexta-feira. "Não podemos garantir a todos que não se vacinaram que façam um teste a cada 48 horas. Os empregadores com os quais eu falo estão muito preocupados", frisou.

Já a maior organização da indústria, a Confindustria, apoia firmemente a decisão do governo e rejeita a "chantagem" de alguns setores dos trabalhadores. Para o vice-presidente da Confindustria, Maurizio Stirpe, "não tem motivo para pagar o teste de quem não quer ser vacinado. As pessoas devem assumir suas decisões".

O Forza Italia, o partido de centro-direita de Silvio Berlusconi, e o Partido Democrático, de centro-esquerda, são a favor da obrigatoriedade da vacina. A medida vem sendo rejeitada pelo governo por enquanto, sobretudo devido à oposição da Liga, de Matteo Salvini, partido de extrema direita. Membro da coalizão nacional, ele ameaça romper com seus aliados.

(Com informações da AFP)