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Missão da Nasa a asteroides de Júpiter poderá explicar origem do sistema solar

16/10/2021 13h49

A Nasa lançou uma missão especial neste sábado (16) para estudar os chamados "asteroides troianos" de Júpiter, dois grandes aglomerados de rochas espaciais que os cientistas dizem ser restos de material que poderiam explicar a formação do sistema solar.

A sonda espacial, chamada Lucy e embutida em uma cápsula de carga, decolou da Base da Força Aérea norte-americana de Cabo Canaveral, na Flórida, às 5h34 da manhã, hora local (6h34 em Brasília), segundo a Nasa.

Lucy parte em uma expedição de 12 anos para estudar um número recorde de asteroides. Esta é a primeira missão terrestre a explorar os asteroides "troianos", estes milhares de objetos rochosos orbitando o Sol em dois grandes aglomerados, um gigante e gasoso, na frente do planeta Júpiter, e outro atrás dele.

Acredita-se que os "troianos", os maiores asteroides conhecidos do sistema solar, nomeados em homenagem aos guerreiros de Troia, da mitologia grega, tenham até 225 quilômetros de diâmetro.

A nave será a primeira movida a energia solar a se aventurar tão longe do Sol e observará mais asteroides do que qualquer outra antes - oito ao todo. Ao total, cerca de sete mil asteroides troianos são conhecidos pelos cientistas.

Cada um desses asteroides deve "nos fornecer informações importantes sobre uma parte da história de nosso sistema solar, da nossa história", disse Thomas Zurbuchen, diretor da divisão científica da agência espacial dos Estados Unidos, em uma entrevista coletiva antes do lançamento.

Por volta de 2025, a espaçonave voará pela primeira vez sobre um asteróide no cinturão de asteróides principal, localizado entre Marte e Júpiter. Então, entre 2027 e 2033, ele visitará sete asteroides troianos. O maior deles tem cerca de 95 km de diâmetro.

Lucy se aproximará dos objetos selecionados a uma distância de apenas 400 a 950 quilômetros, dependendo de seu tamanho, e a uma velocidade de aproximadamente 24.000 km/h.

Graças a três instrumentos científicos a bordo e também a uma grande antena, os pesquisadores querem estudar a geologia, composição, bem como a densidade, massa e volume precisos dos objetos celestes, medições impossíveis de fazer com telescópios a partir da Terra.

"Lucy incorpora a busca contínua da Nasa para se aventurar ainda mais no cosmos, em nome da exploração e da ciência, para entender melhor o universo e nosso lugar nele", disse logo após a decolagem Bill Nelson, chefe da agência espacial dos EUA , em um comunicado.

"Uma das coisas surpreendentes sobre os asteroides de Tróia é que eles são muito diferentes uns dos outros, especialmente sua cor: alguns são cinza, alguns são vermelhos", disse Hal Levison, pesquisador sênior desta missão. "Achamos que a cor deles indica de onde eles são."

"Lucy in the sky with diamonds"

Lucy irá, durante sua jornada de mais de 6 bilhões de quilômetros, voar três vezes sobre a Terra para aproveitar sua ajuda gravitacional com impulso. A espaçonave será, portanto, a primeira espaçonave a retornar à atmosfera de nosso planeta azul a partir dos confins do sistema solar. Seus dois painéis solares são gigantes, cada um medindo mais de sete metros de diâmetro.

A missão foi chamada de Lucy em referência ao fóssil Australopithecus descoberto na Etiópia em 1974, que ajudou a lançar luz sobre a evolução da humanidade - a Nasa afirma que deseja, com a missão deste sábado, descobrir novas luzes e informações sobre a evolução do sistema solar.

Os pesquisadores que encontraram o esqueleto do fóssil na época ouviam na época a música dos Beatles "Lucy in the sky with diamonds". Rapidamente, o logotipo oficial da nova missão da Nasa foi desenhado em forma de diamante. "Nós levamos um diamante a bordo", brincou na entrevista coletiva de pré-lançamento da missão o cientista Phil Christensen, responsável pelo instrumento científico chamado L'TES. Este instrumento medirá a luz infravermelha, que determinará a temperatura da superfície dos asteroides.

"Comparando essas medições diurnas e noturnas, podemos determinar se a superfície é feita de pedras ou poeira fina e areia", explicou ele. "Na verdade, a rocha esfria menos rapidamente do que a areia à noite", detalhou.

O custo total da missão, incluindo seus 12 anos de operação, é de US$ 981 milhões.

Com informações da AFP