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França: Macron anuncia reforma de sistema judiciário, que sofre de "lentidão"

18/10/2021 17h04

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou, nesta segunda-feira (18), o início dos trabalhos de uma comissão independente para reformar o sistema judiciário do país. O grupo deverá apresentar propostas até fevereiro de 2022, em plena pré-campanha para a eleição presidencial de abril.

Durante um evento nas imediações de Poitiers, no centro-oeste do país, o chefe de Estado enumerou as dificuldades da Justiça, como a "lentidão". Mas Macron não sugeriu novos meios para resolver a situação, algo que era esperado pelos magistrados.

Essas dificuldades "não satisfazem ninguém hoje em dia, nem às vítimas, que têm um sentimento de impunidade generalizado, nem aos policiais, que se sentem inúteis, nem aos juízes e advogados [...], nem, inclusive, aos culpados", acrescentou. "A lentidão é um tema, mas está, sobretudo, vinculada à agonizante falta de pessoal, que não foi mencionada", opinou Céline Parisot, presidente da União Sindical de Magistrados (USM).

Os juízes consideram, de fato, que o grande número de frentes abertas pelo presidente torna "inviável" a missão confiada à comissão presidida por Jean-Marc Sauvé, um ex-funcionário do alto escalão que esteve à frente da investigação recente sobre abusos sexuais na Igreja Católica.

Como ocorreu com a Saúde e a Segurança, esta enorme consulta sobre a Justiça reunirá, durante meses, juízes, promotores, advogados, guardas prisionais e cidadãos voluntários, entre outros.

De acordo com a Presidência francesa, as propostas podem ser aplicadas sem a necessidade de uma votação no Parlamento e poderão ser adotadas com "pragmatismo" antes do pleito presidencial de abril e das eleições legislativas de junho.

MInistro é acusado de conflito de interesses

Macron anunciou os "Estados Gerais da Justiça" em junho, depois que os magistrados se queixaram das críticas "sistemáticas" de uma suposta lentidão ou indulgência feitas por sindicatos de policiais e políticos. Este mal-estar se acentuou quando o ministro de Justiça francês, Éric Dupond-Moretti, acusado de conflito de interesses, denunciou que havia uma "guerra" de alguns sindicatos de magistrados contra ele.

 Apesar de ainda não ser oficialmente candidato à reeleição, Macron aproveitou a tribuna para investir contra seus eventuais rivais de direita, que questionavam a primazia do direito europeu sobre o francês.

(Com informações da AFP)