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Afeganistão: Moscou, Pequim e Teerã pedem ação junto ao Talibã pela "estabilidade na região"

20/10/2021 16h28

Rússia, China e Irã sugeriram nesta quarta-feira (20) uma atuação junto ao Talibã no Afeganistão para garantir "estabilidade na região", enquanto apelam ao novo poder de Cabul para implementar "políticas moderadas". "Preocupados com a atividade de organizações terroristas no país, as partes reafirmaram sua disposição de continuar promovendo a segurança no território", escreveram os três Estados em um comunicado conjunto divulgado ao final das discussões.

Uma delegação do Talibã em Moscou participa das primeiras negociações internacionais em território russo desde que chegou ao poder em agosto. Dez países participaram desses diálogos com representantes do novo regime afegão: Rússia, China, Irã, Paquistão, Índia e as cinco ex-repúblicas da Ásia Central, mas não os Estados Unidos.

Esses dez Estados também pediram ao Talibã que ponha em prática "políticas moderadas", tanto interna quanto externamente. Eles pedem aos novos governantes de Cabul que adotem "políticas amigáveis ??para com os vizinhos do Afeganistão, para alcançar os objetivos comuns de paz duradoura, segurança e prosperidade de longo prazo", continua o comunicado.

O encontro mostra a integração crescente dos talibãs no tabuleiro diplomático. Ainda que Moscou não os tenha reconhecido como governo legítimo, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, reconheceu "os esforços dos talibãs para estabilizar o Afeganistão" e alertou que toda a região está ameaçada pela presença de grupos como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, que tentam "tirar proveito" do cenário de crise.

Potência regional na Ásia Central

Depois de décadas de guerras no Afeganistão, após a invasão soviética de 1979 a1989, Moscou pretende reforçar sua posição de potência regional na Ásia Central e pede aos talibãs um "governo inclusivo", que permita controlar a situação político-militar e limitar a ação dos outros grupos jihadistas.

Face à incapacidade financeira dos talibãs para gerir o país, agravada pelas sanções internacionais, Sergei Lavrov afirmou que "é o momento da comunidade internacional se mobilizar para dar ajuda humanitária, financeira e econômica" ao Afeganistão e para "impedir uma crise humanitária e uma crise de refugiados". Ele alertou sobre o risco de jihadistas se "infiltrarem nos fluxos migratórios".

Os dez países ainda clamam ao Talibã a "respeitar os direitos dos grupos étnicos, mulheres e crianças". Eles também pediram uma "iniciativa coletiva" para organizar com as Nações Unidas uma conferência internacional de doadores para o Afeganistão.

De acordo com a declaração, o "fardo" da reconstrução econômica e do desenvolvimento do Afeganistão deve ser apoiado "pelos atores (do conflito) que estiveram no país nos últimos 20 anos", em uma clara alusão às forças norte-americanas.

O Afeganistão, devastado após décadas de guerra, enfrenta a dupla ameaça de uma grave crise humanitária e de segurança devido à atividade de grupos jihadistas, em particular os ataques sangrentos do Estado Islâmico - Khorasan (EI-K).

(Com informações da AFP)