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Síria: atentado contra ônibus militar deixa pelo menos 14 mortos no centro de Damasco

20/10/2021 06h24

Um ataque no centro da capital Damasco resultou na morte de pelo menos 14 pessoas e deixou vários feridos nesta quarta-fera (20). O atentado a bomba visou um ônibus transportando militares.

Paul Khalifeh, correspondente da RFI em Beirute, com agências

Duas bombas explodiram quando um ônibus militar atravessava "um ponto estratégico" do centro de Damasco, indicou a agência oficial de notícias Sana. Até o momento, o atentado não foi reivindicado.

O impacto, registrado às 6h45 do horário local, foi sentido em boa parte da capital síria. Um terceiro artefato foi descoberto e desativado pelo exército.

As autoridades sírias não especificaram se o ataque foi suicida ou se as bombas foram acionadas à distância. As imagens divulgadas pelas mídias locais mostram um ônibus carbonizado depois da intervenção de socorristas e bombeiros. 

Desde que as tropas do governo de Bashar al-Assad retomaram o controle de Damasco e arredores, há cerca de três anos, uma calma relativa reina e atentados se tornaram raros. O último deles ocorreu há um ano, quando o líder sunita da província de Damasco, Adnane al-Afyouni, foi morto na explosão de uma bomba colocada em seu carro. Segundo a agência Sana, o ataque desta quarta-feira utilizou uma brecha no dispositivo de segurança da capital síria. 

13 mortos em bombardeio

Cerca de uma hora depois do atentado em Damasco, bombardeios do exército mataram pelo menos 13 pessoas, entre elas 10 civis, na província de Idleb, o último grande reduto jihadista e rebelde no noroeste da Síria, afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Acordamos às 8h da manhã sob o bombardeio. Meus filhos ficaram aterrorizados e gritavam. Não sabíamos o que fazer, nem para onde ir", afirmou à AFP Bilal Trissi, pai de duas crianças que vive perto da zona atacada.

Uma trégua negociada pela Turquia - que apoia os rebeldes sírios - e a Rússia, aliada do regime de Bashar al-Assad , está em vigor desde março de 2020 na região, mas confrontos esporádicos continuam sendo registrados. Idleb está sob domínio de Hayat Tahrir al-Cham (HTS), braço sírio da Al-Qaeda e grande inimigo do grupo Estado Islâmico. 

O atentado em Damasco e os bombardeios em Idleb colocam em questão a retórica do regime sírio sobre o fim da guerra e o retorno à estabilidade. Há meses Bashar al-Assad tenta tirar a Síria do isolamento internacional para atrair novos projetos de investimentos e reconstruir o país. Apoiado por milícia ligadas ao Irã, o regime controla atualmente quase a totalidade das maiores cidades. 

Iniciada em 2011 após a repressão de manifestantes pró-democracia, a guerra da Síria deixou mais de meio milhão de mortos, segundo o OSDH, e provocou o deslocamento da metade da população do país.