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Papa pede solução para crise migratória na Líbia; Alemanha endurece com migrantes da Belarus

24/10/2021 16h11

O papa Francisco pediu neste domingo (24) à comunidade internacional para solucionar a crise migratória na Líbia, apesar da falta de acordo entre os países da União Europeia (UE) sobre a gestão dos fluxos de migrantes para o bloco.

Em sua oração dominical aos fiéis que se reúnem para ouvi-lo na praça de São Pedro, no Vaticano, o papa denunciou a grave situação dos migrantes que chegam à Líbia com a expectativa de atravessar o mar Mediterrâneo e chegar à Europa.  

"Expresso minha proximidade com os milhares de migrantes, refugiados e outras pessoas que precisam de proteção na Líbia", afirmou Francisco, antes de destacar que nunca esquecerá essas pessoas. "Escuto os seus gritos e rezo por vocês", declarou o pontífice argentino.

"Muitos destes homens, mulheres e crianças são objetos de uma violência desumana (...) Mais uma vez exorto a comunidade internacional a cumprir suas promessas e encontrar soluções comuns, concretas e duradouras para administrar os fluxos migratórios na Líbia e em todo o Mediterrâneo", acrescentou o papa.

"Devemos acabar com a devolução de migrantes a países inseguros", priorizando o resgate e salvamento no mar, assim como um desembarque seguro, "garantindo condições de vida dignas, alternativas à detenção, rotas migratórias regulares e acesso aos procedimentos de asilo", enumerou.

A Itália enfrenta ondas de migrantes que atravessam o Mediterrâneo a partir da Líbia, com centenas de pessoas que chegam a suas costas quase diariamente. Neste domingo, a linha direta para o resgate de migrantes Alarm Phone indicou que dois botes infláveis, com 60 a 68 pessoas a bordo, precisavam de ajuda urgente no mar.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que o navio de auxílio "Geo Barents" resgatou 95 pessoas no sábado à noite (23), o que eleva a 296 o número de migrantes atualmente a bordo.

Rota da Belarus 

A UE, no entanto, deslocou a atenção do Mediterrâneo para a fronteira entre Belarus e seus vizinhos do bloco, Letônia, Lituânia e Polônia, depois que milhares de migrantes tentaram entrar nestes Estados do leste nos últimos meses.

Uma reunião esta semana mostrou, mais uma vez, as divisões entre os 27 países europeus sobre a questão da imigração. Alguns governos, entre eles os da Polônia e Lituânia, pediram que o bloco financie barreiras nas fronteiras com países extracomunitários. 

A Polônia solicitou € 350 milhões à Comissão Europeia, com o objetivo de construir um muro na sua fronteira com a Belarus, e mobilizou milhares de soldados para reprimir os migrantes vindos do Oriente Médio que têm usado esta rota. 

Alemanha reforça segurança na fronteira

A Alemanha anunciou neste domingo um fortalecimento de seus controles de fronteira diante da chegada de um número crescente de migrantes provenientes da Belarus e considerou "legítimas" as medidas semelhantes tomadas na Polônia ou nos Estados Bálticos.

Durante a manhã, a polícia alemã interveio no estado de Brandenburg, que faz fronteira com a Polônia, para dispersar uma milícia de extrema direita que pretendia repelir os estrangeiros que tentam entrar no território alemão. O grupo neonazista "Terceira Via", considerado perigoso pelas autoridades federais de Inteligência, havia chamado 50 simpatizantes para rechaçar os migrantes. Durante a operação, a polícia apreendeu facões, baionetas, bastões de madeira e spray de pimenta.

Nesse contexto cada vez mais tenso, o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, alertou que os controles de fronteira com a Polônia seriam intensificados, com 800 policiais já destacados como reforços. De acordo com as autoridades, mais de 5.000 migrantes já chegaram este ano à Alemanha por meio do corredor que sai da Belarus e passa pela Polônia antes de entrar no território alemão.

No sábado, um homem foi preso depois que 31 imigrantes ilegais do Iraque foram encontrados em uma van perto da fronteira com a Polônia.

Com informações da AFP